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terça-feira, dezembro 3, 2024

Elizeu do Nascimento – De engraxate, vendedor de picolés ao trabalho na Funerária São José, garçom e taxista em Rondonópolis

Elizeu do Nascimento, cidadão muito participativo em vários segmentos da sociedade rondonopolitana, desprendido, amante do esporte acompanhou de perto o trabalho do seu inspirador irmão o saudoso Salaquiel Moisés, que dentre as posições de destaque na comunicação esportiva, esteve no cargo de Coordenador de Esportes de Rondonópolis. Lembra Elizeu, meu irmão deixou boas realizações nos segmentos esportivos da cidade. Vamos conhecer um pouco mais sobre a trajetória de vida desse grande ser humano.
Jornal Folha Regional: Qual sua cidade natal, como foi a sua infância?
Elizeu: A minha família toda é do Estado do Paraná, eu nasci na cidade de Ivaiporã naquele estado, já o meu saudoso irmão Salaquiel e os demais nasceram em Açai. Nós eramos em 5 irmãos: o Salaquiel o mais velho, Celso Moisés, Eliane Soares, Eliete Soares e eu Elizeu do Nascimento. A nossa infância foi de muita luta, na nossa região fazia muito frio, a família tinha muitas carências, e naquele tempo na década de 1980 o Estado de Paraná passava por uma grande crise. Meu pai Expedito Moisés do Nascimento era saqueiro, naqueles tempos era uma profissão muito boa não faltava serviço. Não havia a tecnologia que temos hoje e dava pra ganhar um dinheirinho, aqui em Rondonópolis essa profissão é denominada de chapa. Mas como nem tudo é flores, ele precisou mudar de ramo e começou a trabalhar com compra e venda de roupas e não se deu bem. Precisou vender as coisas pessoais e passou por momentos de dificuldade. Minha mãe Riquieta Soares do Nascimento sempre teve como profissão o lar, ela está com 77 anos hoje temos a alegria de tê-la ao nosso lado.
JFR: Quais os motivos pelos quais a família se mudou para Mato Grosso?
Elizeu: Diante da crise que assolava o estado o meu irmão Salaquiel Moisés veio para Rondonópolis, procurando uma oportunidade de trabalho, e logo arranjou emprego na então Loja Riachuelo muito famosa naquela época. Ele viu que aqui poderia ter uma oportunidade para todos, e resolveu trazer a família. Logo ele ligou para o meu pai e disse: “pai vem para Rondonópolis que aqui tem oportunidade para todos, no Paraná eu não volto mais.” E foi assim que viemos para Rondonópolis só com a roupa do corpo mesmo.
JFR: A família se adaptou logo em Rondonópolis, sobretudo na questão da mudança de clima dos 12 para 40 graus?
Elizeu: Nós chegamos aqui em 1982, e eu com 10 anos de idade já começavai a trabalhar, arranjei um caixinha de engraxate, vendia picolé na região da Praça da Saudade, passei toda a minha infância sempre trabalhando. Logo todos nós nos adaptamos com o clima de Rondonópolis, e a família foi progredindo passo a passo.
JFR: Como foi o seu período escolar, você sempre frequentou a escola?
Elizeu: Eu estudei no Colégio Pindorama, na Escola Santo Antônio e na Esola Elizabete no Jardim Atlântico, pelo fato de ter começado a trabalhar muito cedo para ajudar os meus pais eu não cheguei a concluir os estudos.
JFR: Qual era o seu sonho de infância?
Elizeu: Quando eu tinha os meus 13 para 14 anos eu comecei acompanhar o meu saudoso irmão Salaquiel Moisés, eu sempre gostei de rádios, televisões, e principalmente das partidas de futebol quando havia jogos do Tigrão contra o União e outros times que aqui vinham. Eu estava sempre presente nas transmissões esportivas que o Salaquiel comentava, o meu sonho era ser igual a ele no esporte, ele era muito querido por todos e o trabalho dele era muito bom.
JFR: Qual foi o seu primeiro trabalho no período da sua adolescência?
Elizeu: Um dos momentos muito especiais em minha vida, foi o meu primeiro trabalho na minha adolescência na Funerária São José com senhor Alarico, onde eu trabalhei com ele de 1986 até 1992. Foi uma pessoa que me deixou um bom exemplo de vida, me ajudou e me ensinou muitas coisas, dentre elas a confiança nas pessoas e em mim mesmo. O senhor Alarico sempre foi uma pessoa muito digna. Posteriormente eu trabalhei na profissão de garçon durante 17 anos, comecei na Churrascaria Poxoréo que era uma casa tradicional em Rondonópolis, trabalhei também na Churrascaria Concórdia que ficava na Av. Amazonas. Mas o meu ponto forte na profissão era em grandes eventos como garçon particular, momento em que fiz grandes amigos. Tive a honra de conhecer o senhor André Maggi com quem conversava muito, até mesmo sobre o desenvolvimento da cidade. Depois desses 17 anos na profissão de garçom comecei a trabalhar com taxi onde já estou há 15 anos.
JFR: Como surgiu a oportunidade para que você optasse por ser taxista de profissão?
Elizeu: Com a minha intensa atividade no ramo de garçom, eu comecei a me cansar, não tinha final de semana livre, era sábado, domingo e feriado dando duro no trabalho. O meu cunhado Lindolino Silveira trabalhava no táxi, me sugeriu essa profissão apresentando o táxi. Acabei aceitando, pouco tempo depois ele saiu e estou há 15 anos nessa profissão que me deixa muito feliz.
JFR: O que representa o lado família, esposa e filhos?
Elizeu: É um momento muito importante na vida de todo o cidadão, quando eu tinha os meus 22 para 23 anos conheci no Jardim Atlântico aquela que seria a minha esposa Ceni Aragão. Quando eu a conheci ela me deu duas enteadas, o meu grande presente naquela ocasião uma com dois anos e a outra com seis anos. A Jéssica Aragão que hoje é casada já me deu dois netos maravilhosos o Eduardo e o Matheus que eu amo de paixão e a Letícia Aragão que vai me dar mais um neto agora neste mês de agosto, cujo o nome é Bernardo, inclusive ela está nos últimos dias de gestação. Peço a Deus que derrame suas bênçãos e a proteja no parto. Estamos há mais de 20 anos juntos numa feliz convivência.
JFR: Você acreditava no desenvolvimento, no progresso de Rondonópolis como estamos vivendo nos dias de hoje?
Elizeu: Olha, eu gosto de falar sobre isso, eu acompanho Rondonópolis, quando eu comecei a me entender politicamente, foi quando o ex-presidente Lula veio a Rondonópolis entre 2003 e 2004. Naquele momento eu vi que a nossa cidade tinha um potencial muito grande, com um povo honesto e trabalhador. Em Rondonópolis há um grande número de funcionários públicos na esfera do município, do estado e da federação. Os aposentados são muitos, a cidade tem uma grande força de trabalho no comércio e na indústria. Hoje Rondonópolis já tem uma certa sustentabilidade, tem um grande desenvolvimento e fica no encontro das BRS um ponto geográfico privilegiado.
JFR: Para finalizar a nossa entrevista, desde já agradecemos a sua gentil atenção para com a nossa reportagem, aqui fazemos as duas ultimas perguntas a você:
O que você gostaria de ver em Rondonópolis que ainda de momento não temos, e a quem você gostaria de agradecer por tê-lo ajudado em algum momento de sua vida?
Elizeu: Eu tenho um sonho que era também o sonho do meu saudoso irmão Salaquiel Moisés: de que seja construído em nossa cidade um autódromo. Isso daria uma visibilidade nacional para a cidade valorizando o esporte automobilístico. Poderíamos ter aqui as corridas da Stock Car e outras. A cidade tem um grande potencial, fomentaria o turismo, na logística nós já temos a ferrovia LL. Por outro lado no setor futebolístico com relação ao Estádio Luthero Lopes, há uns 20 anos atrás o meu saudoso irmão Salaquiel já tinha a ideia de que o estádio poderia ser bonito e sem alambrado. Eu agradeço primeiramente a Deus e a minha família temos muitas pessoas maravilhosas, mas eu digo que quem é muito especial para mim é o povo de Rondonópolis.

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