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sábado, novembro 23, 2024

Eleições municipais

Possivelmente em nenhuma outra época tenham se realizado eleições municipais tão tensas no Brasil como neste ano de 2024. O ambiente geral é de profunda transformação. Mas também ocorre num ambiente de polarização e de desconfiança popular na política.

Nesse mesmo ambiente das eleições, temos o exemplo do Rio Grande do Sul. Lá os governos municipais, estadual e federal se mostram nus diante da população em desespero. Claro que é um fenômeno embora isolado,  mostra que o mundo não é mais o mesmo de ontem. O futuro das crises ambientais, econômicas, sanitárias, sociais e políticas estão claramente na linha do horizonte.

Em 5.565 municípios haverá eleições dos prefeitos e dos vereadores. Sem exceção, são candidatos caídos do caminhão de mudança. Todos baseados em velhos discursos herdados do começo da República. A maioria dos candidatos tem uma visão teórica e pessoal. Olham mais pro marketing que lhes dará vitória do que olham pra realidade que os cerca.

O Brasil concluiu a sua urbanização nos anos 1970. De lá pra cá as cidades nasceram desordenadas e cresceram à própria sorte. Aqui e ali houve planejamento adequado. Na maioria se vive péssima qualidade de vida. Os discursos que já se vê no horizonte destas eleições são genéricos sobre temas complexíssimos, tratados como remédio vendido na feira.

Candidatos não se tocam ao prometerem resolver os problemas da saúde, da educação, do meio ambiente, da segurança, da iluminação pública e construção de pontes, viadutos e rodovias. E por aí vão…

O país está absolutamente polarizado e descrente das soluções que venham da política. O exemplo do Rio Grande do Sul é muito didático. Os voluntários e os grandes empresários assumiram de frente a calamidade, enquanto governos se perdem em memorandos, e portarias.

O saldo dessa catástrofe já mostra a distância entre as realidades emergentes e a lentidão pública pra tratar de questões tão grandes e tão graves. Não tem planos. Não tem orçamento organizado. Não tem apoio popular pra lidar com a catástrofe. É o fim de um ciclo morrendo por si mesmo.

Na última eleição presidencial, faltaram 36 milhões de eleitores que não foram votar nem no primeiro, nem no segundo turno. De lá pra cá o ambiente político e social não melhorou. Ao contrário. Piorou.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores 

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