O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, reagiu de forma mais dura ao evento promovido na tarde de ontem (18) pelo presidente da República com embaixadores. Sem citar nomes, o ministro afirmou que quem ataca a eleição, divulgando informações falsas sobre o sistema eletrônico, “semeia a antidemocracia”.
“Mais uma vez a Justiça Eleitoral e seus representantes máximos são atacados com acusações de fraude, ou seja, uso de má fé. Ainda mais grave, é o envolvimento da política internacional e também das Forças Armadas, cujo relevante papel constitucional a ninguém cabe negar como instituições nacionais, regulares e permanentes do Estado, e não de um governo”, disse Fachin, durante evento da Orem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná. “É hora de dizer basta à desinformação e ao populismo autoritário que coloca em xeque a Constituição de 1988”, acrescentou o ministro.
Ainda sem falar o nome do presidente, Fachin falou da existência de “negacionismo eleitoral” no país. “Há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade importante dentro de um país democrático, e é muito grave a acusação de fraude a uma instituição, mais uma vez, sem apresentar provas. As entidades representativas como a OAB e a própria sociedade civil precisam fazer sua parte na garantia de que a democracia seja preservada”, afirmou, pedindo união da sociedade contra esse tipo de ataque.
DIÁLOGO INTERNACIONAL
O próprio TSE publicou em sua página na internet, já no início da noite de hoje, um material em que ressalta sua “tradição de diálogo com corpo diplomático internacional”. Uma provável referência ao evento bolsonarista.
“Ao longo dos anos, ocorreram diversos encontros e seminários antes das eleições gerais e municipais. O evento realizado em 31 maio deste ano, por exemplo, não foi apenas sobre urna eletrônica, mas abordou também diversos aspectos do sistema eleitoral”, afirma o TSE no texto.
“Na ocasião, os diplomatas estrangeiros ouviram exposições feitas por ministros e secretários da Corte sobre o calendário das eleições, estatísticas e voto no exterior, bem como o sistema eletrônico de votação. Em suma, o evento buscou qualificar o diálogo entre os especialistas de diversos setores do TSE e os diplomatas estrangeiros interessados em acompanhar as eleições brasileiras em outubro.” O tribunal citou, entre outras atividades, um evento internacional sobre fake news e eleições.
Da Redação (com RBA)