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domingo, novembro 24, 2024

É a boa nova da terra

No Brasil, um tipo de solo tem se destacado como uma fórmula promissora de combate ao aquecimento global que também pode aumentar a eficiência agrícola e produzir energia limpa com o lixo. Tratase da terra preta, presente em regiões da Amazônia ocupadas por populações dois mil anos atrás. Cientistas descobriram que a grande quantidade de carbono presente nesse solo – cerca de 100 vezes mais do que nos vizinhos – permanece estável ao longo dos anos, ou seja, não vai para a atmosfera. Uma das formas de tirar do ar o gás carbônico, principal causador do efeito estufa, é colocá-lo de volta no chão. Por isso, a reprodução da terra preta resultaria, ao longo dos anos, no sequestro de carbono da atmosfera, ajudando a evitar o aquecimento terrestre.
Estudiosos do mundo inteiro estão com os olhos voltados para a terra amazônica. "A pesquisa está explodindo", diz Wenceslau Teixeira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Manaus. Esforços para reproduzir esse solo resultaram em um carvão vegetal chamado de biochar, ou biocarvão, obtido através da pirólise (um tipo de carbonização na ausência de oxigênio) de plantas e lixo. Rico em nutrientes, o biochar aumenta a fertilidade da terra, diminuindo a necessidade de adubos químicos. Na Austrália, empresas já comercializam o produto. O processo de fabricação do biochar também pode produzir etanol ou biodiesel, além de calor e eletricidade. Os críticos argumentam, porém, que fabricá-lo em grande escala resultaria em desmatamento.
Recentemente, a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Combate à Desertificação incluiu o biochar no diálogo sobre mudanças climáticas e mercado de carbono. Pesquisadores de diversos países interessados nessa tecnologia criaram a International Biochar Innitiative, em 2006. O Rio de Janeiro será a sede de uma conferência do grupo no ano que vem.
Transcrito da revista Istoé

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