Lula lança pré-candidatura e convoca unidade pela soberania nacional

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou, na manhã deste sábado (7), em Sâo Paulo, sua pré-candidatura à Presidência da República nas eleições de outubro. Com 76 anos de idade, ele vai disputar a cadeira do Palácio do Planalto pela sexta vez em sua trajetória política. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Lula, foi diagnosticado com covid-19 e participou do evento de forma virtual.
A inauguração da pré-campanha foi chamada de movimento “Vamos Juntos Pelo Brasil”. O evento reuniu políticos de diversos partidos apoiadores da chapa, incluindo PCdoB, PSB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede, movimentos populares, centrais sindicais e personalidades.
A programação foi transmitida ao vivo pela TV dos Trabalhadores (TVT) e outros canais no Youtube.
Durante seu discurso, Lula adotou um tom moderado e chamou a atenção para a necessidade de reunir as forças democráticas e dar um novo rumo ao país. Ele fez elogios a Alckmin, e disse que o prato lula com chuchu será o "da moda" – numa alusão ao apelido atribuído ao ex-governador de São Paulo.
"Somos de partidos diferentes, fomos adversários. Estou feliz por tê-lo na condição de aliado. O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam. É preciso unir os divergentes para poder enfrentar os antagônicos", destacou Lula.
Falando diante de uma imensa bandeira do Brasil, Lula lembrou os avanços sociais obtidos nos governos petistas e lamentou a situação atual. Ele atribuiu a crise econômica e a volta da inflação à atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado como insensível ao sofrimento dos brasileiros.
Lula afirmou que além de medidas urgentes visando recuperar a dignidade do país e os direitos dos brasileiros, é preciso também fazer a defesa da soberania nacional.
"É mais do que urgente restaurar a soberania. Mas isso não se resume à importantíssima missão de resguardar nossas fronteiras. É também defender nossas riquezas minerais, nossas florestas, nossos rios, nossos mares, nossa biodiversidade. Nossa soberania e democracia são constantemente atacadas pela política irresponsável e criminosa do atual governo".
O evento de lançamento realizado no Expo Center Norte, na zona norte de São Paulo, marcou também a formalização da aliança das federações PT-PCdoB-PV e PSOL-Rede com os partidos PSB e Solidariedade, criando a frente Vamos Juntos Pelo Brasil, a maior formação em torno do ex-presidente desde 1994.
Em 1994, a chapa de Lula para a disputa do Palácio do Planalto também angariou apoio de sete siglas. À época, a Frente Brasil Popular pela Cidadania reuniu PT, PSB, PPS, PV, PCdoB, PCB e PSTU. Apesar do mesmo número de partidos, a articulação construída em 2022 é mais ampla por reunir siglas que não estão à esquerda do espectro político, como o próprio Solidariedade.
Nas candidaturas vitoriosas de 2002 e 2006, Lula também reuniu apoios de partidos de centro-direita e direita. Em 2002, contou com a presença de PL e PMN na articulação. Quatro anos depois, conseguiu incluir o PRB na lista de siglas aliadas. Nas duas ocasiões, contudo, o número de partidos foi menor, em comparação a este ano: cinco em 2002, três em 2006.
Relembre os apoios às chapas de Lula
1989: Frente Brasil Popular (PT, PSB, PCdoB)
1994: Frente Brasil Popular pela Cidadania (PT, PSB, PPS, PV, PCdoB, PCB, PSTU)
1998: União do Povo Muda Brasil (PT, PDT, PSB, PCdoB, PCB)
2002: Lula Presidente (PT, PL, PMN, PCdoB, PCB)
2006: A Força do Povo (PT, PRB, PCdoB)
2022: Vamos Juntos Pelo Brasil (PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Solidariedade, Rede)
Eduardo Ramos – Da Redação (com RBA)