Brasil – independência ou morte?
Nessa semana que recebe a denominação de “Semana da pátria”, por esse Brasil afora inúmeras são as manifestações no âmbito escolar, para comemorar a chamada “data magna da nação”.
As comemorações cívicas, com desfiles militares e escolares, com desfile dos vasos de guerra da marinha brasileira singrando a as aguas da baia de Guanabara, a esquadrilha da fumaça evoluindo nos céus de Brasília ocorreram na terça feira (7).
Com essas ocorrências festivas se comemorou o 188º aniversário daquela tarde em que, segundo a história ufanista, o príncipe D. Pedro I, às margens do riacho Ipiranga, acompanhado do seu séquito, teria desembainhado sua espada e, brandindo-a aos céus, fizera ecoar pelo vale do Ipiranga o seu brado de “independência ou morte”, após receber mensagem que exigia sua presença em Lisboa. E a partir daquele instante o Brasil se tornara independente da Coroa Portuguesa.
Essa a cena que se depreende na visualização do famoso quadro de Pedro Américo que se encontra no Museu da Independência, no biarro do Ipiranga, em S. Paulo. Uma analise histórica retrospectiva, no entanto permite uma outra visão daquela tarde (se é que efetivamente teria acontecido à tarde).
Em primeiro lugar D. Pedro não estaria montando um puro sangue como quer fazer crer o quadro. Sua comitiva também não cavalgava aquelas montarias. A considerar-se que a viagem de Santos de onde vinha o príncipe e sua comitiva, pelo fato de que o caminho a ser percorrido subia a Serra do Mar, por entre a Floresta Atlântica, exigiria que as montarias fossem mulas, por serem os animais mais resistentes para excursões como aquela que, vindo do litoral, subiu até 800 mt, onde se localizava o planalto de Piratininga.
Em segundo, nem ele nem a sua comitiva estariam vestindo uniformes de gala, próprios para ocasiões especiais. O famoso “grito do Ipiranga”, na verdade não teria acontecido. A expressão surgiu em um manifesto escrito por D .Pedro com data de 8 de setembro de 1822, em que textualmente dizia: “prezados paulistas, “independência ou morte” esse é o nosso lema. Espero vosso apoio e vossa lealdade para tornar esse país realmente livre”.
Mas analisando o Brasil dos nossos dias, poder-se-á afirmar, em sã consciência que somos um país independente?
Do ponto de vista econômico, levando-se em consideração que o Brasil, como país emergente ocupa um honroso 8º lugar nos ranking das economias mundiais e é o 3º pais que mais atrai investimentos estrangeiros, perdendo apenas para a China e a Índia, já se pode falar em independência.
Há que se considerar que a economia brasileira vem se solidificando, ano a ano, desde o retorno à normalidade democrática.
Do ponto de vista cultural muito há ainda por se fazer para que sejamos culturalmente independentes. Ainda somos reféns de um processo educativo deficiente que muito deixa a desejar. Haja vista os recentes resultados do Enem e da avaliação do ensino básico.
Do ponto de vista político o Brasil é refém da impunidade e da corrupção.
Somos reféns da incompetência política.
Somos reféns de uma estrutura de saúde pública deficiente que deixa os pronto socorros e hospitais abarrotados, com pacientes morrendo nas filas, sem atendimento.
Somos reféns da violência que grasse impune por todo o país.
Somos reféns do tráfico de entorpecentes que degenera a nossa juventude.
Somos ainda reféns do trabalho escravo.
Somos ainda reféns da exploração da criança no trabalho.
Somos ainda reféns da miséria, não obstante os esforços do governo, o brasileiro ainda passa fome.
Há que se discordar do pres. Lula quando, em discurso nesse 7 de setembro, afirmou que “somos uma nação forte, justa e independente”.
Nós brasileiros, em menos de 30 dias teremos a oportunidade impar de desembainhar a nossa espada do voto e fazermos ecoar pelos rincões desse imenso Brasil o nosso grito de “independência ou morte”. Porque nas urnas poderemos dar o nosso voto àqueles (poucos diga-se de passagem) compromissados a nos assegurar um Brasil melhor, um Brasil verdadeiramente independente.
Ou proclamaremos a independência brasileira pelo voto ou condenaremos o Brasil a uma morte lenta pela incompetência política.