POLÍTICA

Disputa por lideranças envolve até 138 cargos por gabinete

De olho no poder de nomear até 138 funcionários a mais, deputados e senadores disputam a vaga de líder para obter maior projeção e status no Congresso. Entre hoje até segunda-feira, a maioria dos novos líderes será definida por meio de consenso ou votação. A escolha também envolve interesses das cúpulas dos partidos e de projetos para candidaturas em 2012 e 2014.

Na Câmara, por exemplo, 14 legendas têm com gabinetes de liderança, onde trabalham mais de 1.300 servidores, entre efetivos e comissionados. Dependendo da representatividade do partido, medida pelo número da bancada, o gabinete do líder abriga entre 25 e 138 funcionários, que conta com serviços postais, de telefonia, internet, TV a cabo.

Não existe verba específica para as lideranças, que são custeadas pela Casa. A briga por espaço é tanta que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), quando era presidente da Câmara, abriu uma exceção e considerou que partidos com menos de cinco deputados eleitos teriam direito a lideranças, o que é proibido pelo regimento da Casa.

A escolha do líder leva em consideração questões estratégicas, como a relação com o comando das legendas e, claro, os futuros candidatos nas próximas eleições. Durante as sessões plenárias, o líder tem prerrogativa de falar a qualquer momento, seja para fazer uma comunicação da liderança ou discutir uma matéria em votação.

O tempo é definido pelo tamanho da bancada do partido. Por exemplo: Com maior número de deputados eleitos, respectivamente, o PT terá 10 minutos e o PMDB, 9 minutos, para comunicações de liderança. Enquanto partidos com bancadas menores, como PSOL e PTdoB, somam 5 minutos por semana.

O próprio cargo serve de trampolim para voos mais altos dentro e fora do Congresso. O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) é um exemplo disso. Depois de liderar seu partido na Câmara, se consolidou como candidato a presidente da Casa em 2001. Eleito, conseguiu no ano seguinte ser candidato a governador de Minas Gerais. Novamente, foi eleito e reeleito.

De volta ao Congresso após oito anos, Aécio teve participação na escolha do líder não só do PSDB, mas também do DEM – histórico aliado dos tucanos. Depois de avalizar a indicação de Duarte Nogueira como líder do PSDB na Câmara, Aécio pediu que Marcos Montes (DEM-MG) desistisse de disputar a liderança do DEM.

Com o apoio do ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, Montes queria disputar a liderança contra Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), aliado do atual presidente do partido, Rodrigo Maia. Bornhausen e Maia disputam o comando do DEM. Na última eleição presidencial, o grupo de Bornhausen forçou o apoio ao tucano José Serra.

De olho em 2014

Interessado no apoio do DEM para disputar o Palácio do Planalto em 2014, Aécio convenceu o conterrâneo Marcos Montes a desistir da contenda pela liderança. Mesmo assim, o DEM manterá a disputa com o deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR).

No Senado, o posto de líder do DEM também ainda segue indefinido por influência da disputa pela presidência do partido. Atual líder, o senador José Agripino (RN) é cotado para assumir o comando o DEM. Ele tem o apoio de Rodrigo Maia. O problema é, de novo, a disputa deste com Jorge Bornhausen, que lançou Marco Maciel para presidente.

A eleição para presidente do DEM está marcada para março. Se Agripino for escolhido presidente do partido, a vaga de líder deverá ficar com o senador Demóstenes Torres. Na última eleição, a bancada do DEM no Senado diminuiu seu tamanho de 14 para apenas cinco senadores.

Planalto influencia escolha

No PT, a escolha do líder também é influenciada por interesses do Palácio do Planalto e da cúpula do partido. O novo líder da Câmara é Paulo Teixeira (SP). Com origem na tendência interna petista Mensagem ao partido, ele só chegou ao cargo graças ao apoio da majoritária Construindo Um Novo Brasil (CNB).

A CNB, porém, já emplacou o novo líder no Senado. Será o ex-ministro da Saúde e recém-eleito senador Humberto Costa. A corrente também defende a manutenção do deputado Cândido Vaccareza (PT-SP) no posto de líder do governo na Câmara. Ele, porém, enfrenta dificuldades porque tentou ser candidato a presidente e foi derrotado.

Deputado ligado ao CNB, João Paulo Cunha é bom exemplo de como uma liderança pode ajudar alçar voos mais altos. Depois de ser líder do PT na Câmara, ele candidatou-se à presidência da Casa. Deixou o posto em 2005 quando começou a se preparar para disputar o governo de São Paulo. Envolvido no “mensalão”, abandonou seus planos.

Com a maior bancada no Senado e segunda maior na Câmara, o PMDB vai reduzir seus respectivos líderes este ano: Renan Calheiros (AL), no Senado, e Henrique Eduardo Alves (RN), já negociaram suas permanências. Ambos também articulam nos bastidores candidaturas às presidências do Senado e da Câmara em 2013.
Fonte:IG política

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