No dia 21 de março comemorou-se o Dia Internacional da luta pela eliminação da discriminação racial. Essa data foi instituída pela ONU, em memória do massacre ocorrido em Johanesburgo, capital da África do Sul a 21 de março de 1960.
Naquela data 20 mil negros, em uma manifestação pacífica, protestavam contra a denominada lei do passe que obrigava os negros a portar um cartão de identificação, onde estavam especificados os locais que eles podiam frequentar e por onde podiam circular. O movimento foi reprimido com violência pelo exército, com um saldo de 69 mortos e 186 feridos.
O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte:
"Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública"
A Constituição Brasileira considera o racismo em qualquer das suas formas como um crime inafiançável. No entanto, com frequência a mídia nos traz notícias de casos de discriminação contra negros, nordestinos e, principalmente, homossexuais;
Nz expressão de Paulo Romeu Ramos, ONG Grupo Afro-Sul de Porto Alegre; "as novas gerações já têm uma visão mais aberta em relação ao tema. As pessoas mudaram, o que falta mudar são as tradições e as ações governamentais",
Efetivamente, no Brasil, até os anos 50 a discriminação ao negro existia em alto nível. Restaurantes e casas noturnas havia em que ao negro era vetada a entradanos transportes públicos era considerável o numero de brancos que não sentavam ao lado de um negro. Em prédios residenciais o negro só podia usar os elevadores de serviço. Na Faculdade de Direito do largo de S. Francisco, em S. Paulo, havia um professor negro – Cezarinojr – que ao entrar na sala de aula, alguns estudantes brancos se retiravam da sala. Famílias havia que não colocavam seus filhos em escolas onde houvesse um professor negro.
Os negros, no entanto, já desde os anos trinta se destacavam na música como cantores. Nos anos seguintes foram ocupando lugares de destaque nos esportes, principalmente no futebol. Leônidas da Silva, alcunhado de diamante negro foi uma das grandes figuras que ilustraram o futebol brasileiro. Pelé, já nos anos 50 era respeitado no meio futebolista. João do Pulo deu ao Brasil o título de campeão mundial em salto à distância.
Aos nossos dias, temos um negro no comando da nação mais potente do mundo. Aqui no Brasil um negro ocupa a presidência da mais alta corte de justiça. Poucos são os negros, no entanto, em altos postos nas forças armadas e como altos executivos no nosso empresariado.
Temos negros nas casas legislativas, desde o senado federal até as câmaras de vereadores. No entanto a discriminação racial ainda existe entre boa parte da população brasileira e a esse propósito, o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento -PNUD- diz textualmente: "para conseguir romper o preconceito racial, o movimento negro brasileiro precisa criar alianças e falar para todo o país, inclusive para os brancos. Essa é a única maneira de mudar uma mentalidade forjada durante quase cinco séculos de discriminação"
Como diz Christiane Aparecida dos Santos, secretária da Igualdade Racial da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pouso Alegre (MG) "Especificamente no caso brasileiro, entre outras questões, temos na herança escravagista uma particularidade que dificultou e ainda dificulta o acesso da população afrodescendente aos diretos sociais e igualdade de oportunidades, ou seja, à cidadania plena. Além do completo abandono com o fim da escravidão a que foram relegados os ex-escravos, seus descendentes têm de se confrontar com o mito da "democracia racial" elaborada por pretensos intelectuais, a partir de uma visão completamente equivocada."
A discriminação racial está longe de ter sido eliminada da realidade de boa parte das sociedades, inclusive da brasileira.
J.V. Rodrigues
"Aproveite esta data para refletir: você tem ou já teve atitudes racistas?"