Diretor da ATC explica que caminhões não ficarão mais pesados com a nova lei

A repercussão sobre a aprovação das leis dos caminhoneiros, resultado dos vários bloqueios feitos pelos trabalhadores das estradas nas principais rodovias do Brasil, intensificou a queda de braço e o cruzamento de acusações entre as concessionárias que gerenciam rodovias e as associações e entidades representativas das empresas transportadoras. Depois de assistir uma extensa matéria no Jornal Nacional da Rede Globo, inegavelmente o mais influente no Brasil, dizendo que a liberação para o aumento do peso por eixo do caminhão em 10% e a não cobrança de pedágios dos eixos suspensos encareceriam a manutenção das rodovias, o diretor executivo da Associação dos Transportadores de Cargas – ATC disse na última semana ao Folha Regional que as informações são falsas e que a tentativa das concessionárias é justificar aumentos que devem ser anunciados em breve.
“Esta correção de alguns pontos da lei dos caminhoneiros teve apenas a única intenção de flexibilizar um texto inicial que, aprovado com muitos vetos, era simplesmente impossível de ser cumprido, em virtude da pouca estrutura oferecida aos trabalhadores nas estradas. Em relação a matéria no Jornal Nacional veja bem: quando um bitrem sai da fazenda ela é pesado no conjunto inteiro, ou seja, cavalo e carregamento. Neste montante, todo caminhão sai da propriedade com 57 toneladas. Ocorre que conforme vai transcorrendo a viagem, a carga vai se acomodando no caminho e eventualmente fica concentrada ou não em um lugar. Pode ser que em uma dessas ocasiões o caminhoneiro seja multado quando chegar na fiscalização, porque neste caso a pesagem é por eixo. Então o que ocorreu foi apenas o entendimento de que o limite de peso por eixo passasse de 5% para 10% do atualmente praticado. O que estão dizendo são inverdades, o caminhão não ficará mais pesado, nem prejudicará mais o asfalto. Isto são justificativas antecipadas para aumentar pedágio”, argumenta Mendes.
Outro ponto abordado como positivo na correção do texto procedida pela presidente Dilma com o aval dos representantes das transportadoras de cargas foi estipulação de um período de investimentos em infraestrutura das rodovias, para que só então depois cobre-se dos caminhoneiros o cumprimento a risca das leis por meios de fiscalizações. “É uma barbaridade você cobrar que o caminhoneiro cumpra determinadas exigências como um limite de horário sem flexibilização e outros pontos mais quando na estrada não se têm pontos de apoio e coisas do tipo. Ou então, efetivamente o governo estaria querendo implantar uma lei impossível de ser cumprida. A partir de agora, o trabalhador terá a opção de optar apenas pelas oito horas de descanso, cumprindo as outras três no decorrer do dia, sem ter a exigência das 11 horas ininterruptas. Outra mudança são nos fins de semana, que agora poderão ser cumulativos e na quarta semana do mês o trabalhador tira um tempo maior de descanso, para ficar perto da família com tranqüilidade. O que nós queríamos é que a lei fosse um pouco mais prática e dentro da realidade da categoria”, explicou.
Enquanto o Ministério Público do Trabalho – MPT já se pronuncia contra as mudanças do novo texto aprovado sem vetos pela presidenta, Miguel vê que a rigorosidade neste momento como algo que tem de ficar fora da discussão. “Quando o Poder Público se propõe a alterar tão drasticamente a realidade de uma classe tão numerosa e que já há tantas décadas atua da mesma forma duas coisas têm que ser respeitadas: a primeira delas é que as coisas têm que evoluírem gradativamente e a segunda é que tem que ser dadas condições de se cumprir o que está no papel. Queremos assim como todos querem o melhor para a categoria, mas os critérios normais para qualquer mudança têm de serem obedecidos”, avaliou.
Hevandro Soares – Da Redação