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domingo, novembro 24, 2024

Dilson Francisco de Souza: “As mulheres lavavam roupas no Rio Arareau, e a pesca era o sustento das famílias”

Os pais, senhor David Fortuna de Souza e sua esposa Cecília Francisco Silva chegaram a Mato Grosso, mais precisamente em Poxoréo no ano de 1948. Vieram da Bahia para recomeçar a vida em solo mato-grossense, tiveram 13 filhos. O comerciante Dilson Francisco de Souza, também conhecido como Dilson do Bar conta um pouco da sua história vivida intensamente na terra de Rondon.
Jornal Folha Regional; Como era a vida em nossa região nas décadas de 1940 / 1950 ?
Dilson; Tudo que precisávamos em termos oficiais, como documentos, registros, atendimento médico, e questões educacionais tínhamos que recorrer município de Poxoréo. Rondonópolis tinha apenas o início da Marechal Rondon que chegava até a travessia que era feita pela balsa no Rio Vermelho. Na década de 50 começaram a chegar sitiantes e fazendeiros de vários estados.
JFR; Quais as lembranças do momento rural, em que toda a família trabalhou?
Dilson; Meus pais compraram a Fazenda Água Limpa em Rondonópolis que foi posteriormente vendida para o Moisés Feltrin, que vendeu parte ao pelo Cel. Souza, onde é hoje a Àgua Pobóre. Foram momentos difíceis, não havia máquinas era tudo na foice e no enxadão, nós trabalhávamos muito para o sustento da família. Aprendemos muito com as dificuldades.
JFR; Conte um pouco da sua trajetória após deixar o trabalho no meio rural?
Dilson; Trabalhei de pedreiro, fui padeiro vendia frutas, aos 18 anos eu comecei trabalhar como balconista, vendedor e cobrador na Loja Riachuelo. Trabalhei também na Casa Matos.
JFR; No início, como era feito o sistema de transporte para Poxoréo, região sul e Cuiabá?
Dilson; O transporte era feito por carros de boi, e cavalos, no final da década de 1950 e início dos anos 60 começou um tímido movimento de automóveis e caminhões. Na feira da Praça dos Carreiros os vendedores chegavam com suas mercadoria em carros de boi. A estrada para Poxoréo era praticamente um trilho no meio do mato, o acesso a Cuiabá era feito pela D. Pedro II.
JFR; Como foi a sua trajetória na infância, e o que mais marcou nesse período de vida?
Dilson; As mulheres iam lavar roupa no Rio Arareau, onde também tomávamos banho, havia muitos peixes, a pesca era o sustento das famílias. Foram momentos inesquecíveis, hoje o que vemos é um grande assoreamento, água altamente poluída, com dejetos e produtos químicos. Infelizmente as populações não tem preservado o meio ambiente como deviam.
JFR; Qual era o lazer da juventude da sua época?
Dilson; Nós íamos aos bailes que eram animados pelo Conjunto Marinho e seus Beat Boys, naquela ocasião havia um bosque maravilhoso, que se chamava Menina Moça, local em que toda a juventude da época se reunia. Posteriormente foi aberto o Rondonópolis Clube onde também acontecia grandes noitadas. O clube ABR fez tradição em Rondonópolis, apresentava grandes eventos para a sociedade e a juventude da época.
JFR; Como você vê hoje o desenvolvimento da cidade, e quando começou a trabalhar por conta própria?
Dilson; Eu tinha certeza que a cidade teria um grande desenvolvimento no futuro, eu tinha uma estrutura financeira e ajudei muita gente. Comecei a trabalhar por conta própria em 1973, abri o bar na Mal. Dutra 1.711 onde permaneço até hoje. Quero agradecer a minha família pelo carinho e aos meus clientes e amigos que por longos anos estão comigo.
JFR; Muito grato pela entrevista.

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