Queimada ou Queima prescrita e Incêndio florestal são dois fenômenos diferentes provocadores de diferentes impactos ao meio ambiente.
No primeiro caso é uma pratica comumente usada pelos seres humanos no mundo inteiro, tem que ser oficialmente autorizada pelo órgão ambiental competente, para uso e manejo do solo para agricultura tradicional, limpeza de pastagens, controle fitossanitário, com queima sazonal executada em período especifico do ano, com fogo confinado em uma determada área do meio ambiente, e seus efeitos são locais podendo merecer reparos.
Já no segundo caso=Incêndio florestal, também com ocorrência em todo o mundo, normalmente com efeito em florestas nativas precedidas de desmatamento ou área de pastagens em desuso, é fogo sem controle e sem autorização oficial de órgãos ambientais competentes. No entanto, geralmente as pessoas assimilam os dois fenômenos como sendo uma coisa só, porém, não é.
Com efeito nas informações sobre queimadas no Brasil, há, muitas ilações sobre sua contribuição para o efeito estufa, isso vale reflexão, ao que se pensa talvez em associação entre fogo e calor. Contudo, queimada ou queima prescrita não um fator positivo ou importante para o efeito estufa. Isso é fato.
Ademais confundir, entretanto, aumento de queimada em área de plantio com aumento de desmatamento de floresta nativa, beira a desinformação. Vez que o uso do fogo em área antropizada, com vegetação secundária é senso comum, no Brasil e no mundo.
No caso especifico do Cerrado brasileiro a prática agrícola de queima prescrita e até mesmo os incêndios florestais oriundos de causas naturais ou antrópogenicas, produzem um grande número de aerossóis e partículas em suspensão na atmosfera, formando em conseqüência, grandes nuvens que reconhecidamente podem contribuir com o meio ambiente.
A exemplo das nuvens de erupções vulcânicas, para a redução temporária local da radiação forçada na atmosfera “efeito estufa”. Portanto, paradoxalmente as queimadas ou queima prescrita esfriariam por períodos limitados o clima local no ambiente de ocorrência.
Assim, as emissões de CO2 provavelmente seriam de efeito colateral secundário uma vez que sua produção através da combustão é compensada pelo seu seqüestro, em razão da rebrota acelerada da vegetação em clima tropical, muito especialmente no cerrado brasílico.
É de ressaltar que tanto no Brasil como no restante do mundo a prática generalizada das queimadas ou queima prescrita, cujos benefícios podem e devem ser questionados a luz de critérios de uma agricultura moderna ou mais abastarda.
É de bom alvitre lembrar que a prática de queimada deve ser vista pelo que sempre representou uma maneira tradicional, rudimentar e bastante primitiva de preparar o solo para o plantio. No entanto é amplamente utilizado pelo homem do campo, especialmente nos assentamentos rurais por falta de alternativas e de infra-estrutura adequada, de cuja responsabilidade cabe ao poder público sustenta-los.
Importante pontuar, que não existe uma queimada igual à outra. Cada ambiente é típico, especifico, único, variando de acordo com a vegetação, topografia, modalidade do terreno, clima local, temperatura regional, recursos hídricos presentes ou ausentes, direção do vento.
Vale ressaltar que o fogo é fundamental para a vida, porém, deve ser utilizado na hora certa, no local certo e para a finalidade específica. Portanto, não queime a vida aleatoriamente.
Romildo Gonçalves é biólogo.