Após flagra, empresários que defenderam golpe negam prática de crime

O site Metrópoles divulgou ontem (17) mensagens compartilhadas por empresários bolsonaristas em um grupo de WhatsApp defendendo um golpe de Estado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito no pleito de outubro de 2022. Após serem confrontados pela imprensa acerca das declarações eles recuaram, negando a defesa aberta de uma ação golpista.
De acordo com Guilherme Amado, colunista do site que publicou a notícia, as declarações foram escritas no grupo chamado Empresários & Política, criado em 2021. Além de ameaçar um golpe, os empresários atacam frequentemente instituições brasileiras como o STF (Supremo Tribunal Federal), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e opositores da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Entre os nomes do grupo estão Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da administradora de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca Mormaii. Apoio a um golpe de Estado A reportagem mostrou que José Koury, dono do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, declarou preferir uma "ruptura" do que o retorno de petistas ao Palácio do Planalto.
Segundo o empresário, se o Brasil voltasse a ser governado por uma ditadura militar, o país seguiria recebendo investimentos externos.
“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, disse Koury.
Na sequência, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, que é médico e dono da empresa de roupas e itens de surfe Mormaii, respondeu às mensagens de Koury. “Golpe foi soltar o presidiário Golpe é o "supremo" agir fora da constituição Golpe é a velha mídia só falar merd*”.
Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, defensor do presidente Bolsonaro publicamente, comentou a mensagem de Koury com uma figurinha de um homem dando "joinha".
No mesmo dia, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo, declarou: “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.
NEGATIVAS
À reportagem do Metrópoles, José Koury declarou inicialmente não apoiar um golpe, mas voltou a afirmar que "talvez preferiria" a ruptura ao retorno do PT. "Vivemos numa democracia e posso manifestar minha opinião com toda liberdade. Não disse que defendo um golpe de Estado, e sim que talvez preferiria isso a uma volta do PT. Para mim, a volta do PT será um retrocesso enorme para a economia do país", completou.
Já Morongo, dono da Mormaii, disse que não vai apoiar atos "ilegítimos, ilegais ou violentos".
A assessoria de imprensa do grupo Multiplan explicou que o empresário José Isaac Péres está viajando e a assessoria responderia sobre o caso. "Ele [Peres] esclarece que sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do país. Neste momento, ele está tratando de projeto empresarial no Rio Grande do Sul, onde a estimativa é de gerar investimentos de bilhões de reais e milhares de empregos."
A comunicação do Grupo Sierra disse que empresário André Tissot viaja e não poderia responder a tempo da publicação da matéria.
Ao ser questionado, Luciano Hang respondeu ao UOL: "Em momento nenhum falei sobre os Poderes. Inclusive, quase nunca me manifesto nesse grupo. Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso".
Já os empresários Carlos Molina, Ivan Wroble, e Vitor Odisio não responderam ao contato da matéria da Metrópoles.
Da Redação (com informações do UOL/Metropoles)