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Roberto Jefferson pode ter colocado pregos para aumentar poder destrutivo de granadas

A PF (Polícia Federal) suspeita que o presidente de honra do PTB, Roberto Jefferson (RJ), tenha prendido, com fita adesiva, pregos nas granadas que arremessou contra agentes que cumpriam uma ordem de prisão contra o ex-deputado federal no domingo (23). Peritos da PF encontraram pregos, fita adesiva e resíduos colados nessas fitas no local em que Jefferson disparou 50 tiros de fuzil e três granadas contra os policiais.

Uma granada desse tipo pode machucar ou matar uma pessoa, mas ela não é desenhada com esse objetivo. Colocar pregos e pedras colados com fita adesiva em um armamento seria uma forma de torná-lo letal. Se isso for confirmado, é grave, avalia um perito ouvido pelo portal de notícias UOL.

Mas, para confirmar, é preciso saber se esses pregos e fitas adesivas realmente estavam na granada ou apenas já estavam no local dos disparos, como restos de materiais de construção abandonados.

Para isso, exames estão sendo feitos no setor de perícias do Rio de Janeiro. Alguns devem ser complementados no INC (Instituto Nacional de Criminalística), em Brasília.

A pistola da agente Karina Oliveira —que ficou ferida— foi danificada na ação. Uma perícia vai avaliar se os danos foram causados por projéteis, por estilhaços de granada ou outro objeto. A arma estava no coldre da policial quando ela foi atacada. Por isso, é possível que ela tenha sido protegida pela pistola.

PROTEÇÃO
O inquérito precisa levantar várias irregularidades constatadas até aqui. A principal delas é como alguém que cumpria prisão domiciliar conseguiu manter consigo um verdadeiro arsenal – que além de armas de fogo, continha mais de sete mil munições e granadas que não podem ser vendidas a civis.

A posse de armas e munições foram adquiridas graças ao registro de Colecionador, Caçador e Atirador Esportivo (CAC), que são expedidos e fiscalizados pela Polícia Federal e pelo Exército. No entanto a autorização deveria ter sido cancelada com a decretação da prisão, com a apreensão do material bélico.

Outro ponto que aguarda esclarecimento é atuação das autoridades após o ataque desferido contra os policiais. O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), chegou a mobilizar o ministro da Justiça, Anderson Torres, para ‘mediar’ a rendição do ex-deputado criminoso – fato atípico em situações assim.

Também levantaram suspeitas a atuação do policial encarregado de fazer as negociações com Roberto Jefferson. Ele foi filmado conversando amigavelmente, sorrindo e até criticando os colegas que momentos antes foram feridos por estilhaços das granadas lançadas pelo criminoso.

CRIMINOSO CONTUMAZ
Roberto Jefferson foi alvo de mandado de busca e de prisão por descumprir medidas cautelares ordenadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Como atirou contra quatro policiais, ele foi preso em flagrante pela PF por tentativa de quatro homicídios. Atualmente, o ex-deputado está em prisão preventiva.

Antes, em 2012, ele foi condenado pelo STF por corrupção e lavagem de dinheiro no mensalão. Ele cumpriu pena preso a partir de 2013. Jefferson teve sua pena extinta em 2016 pelo Supremo.

O ex-deputado tentou ser candidato à Presidência da República este ano, mas foi barrado por ser considerado "ficha suja". Ele foi substituído por Kelmon Luiz (PTB), um falso padre que na verdade atuou como escada para Jair Bolsonaro nos debates realizados no primeiro turno da eleição.

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