Dezembro laranja: tudo o que você precisa saber sobre melanoma

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Você pode ter escutado falar sobre o câncer de pele melanoma, mas também há boas chances de você não saber tudo o que precisa para se manter seguro – afinal, trata-se de uma doença complicada. Muitas pessoas associam o melanoma com manchas assimétricas que mudam de cor, especialmente em indivíduos de pele clara que não usam protetor solar todos os dias. Contudo, não é tão simples assim.

 De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se o surgimento de 8.450 novos casos de melanoma no país em 2020, sendo 4.200 em homens e 4.250 em mulheres. Dados recentes do Atlas de Mortalidade por Câncer – Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) –, do Ministério da Saúde, apontam ainda um cenário de 1.791 mortes pela doença no Brasil, sendo 1.038 homens e 753 mulheres.

 Por outro lado, o melanoma é – sim – o câncer mais visível. Isto, pois costumamos nos olhar diariamente no espelho e, portanto, este autoexame nos permite atuar como a primeira linha de defesa contra a doença. E, quando detectado precocemente, o melanoma é um dos tipos de câncer mais curáveis. Tanto que é crucial olhar regularmente para a própria pele, bem como falar abertamente se detectar algo suspeito na pele de outra pessoa. 

 A propósito, o melanoma não discrimina cor de pele. Embora pessoas com mais pigmento na pele tenham um risco menor de ter câncer de pele porque possuem mais proteção solar, ninguém está isento. Na pele negra, a melanina fornece um fator de proteção solar (FPS) de cerca de 13,4 em comparação com 3,4 na pele branca. Porém, isto ainda é inferior ao FPS 15 necessário para uma proteção solar adequada. Logo, ninguém tem passe livre para pular o uso de protetor solar.

 Indo além, cerca de metade de todos os melanomas se desenvolve em sinais pré-existentes. Existem dois tipos de manchas solares: nevos normais (pequenas manchas marrons regulares na pele, salientes ou não) e nevos displásicos (maiores do que os nevos comuns e que podem apresentar irregularidade de formato ou coloração). Pessoas com 10 ou mais nevos displásicos possuem risco 12 vezes maior de contrair melanoma do que a população em geral.

 Os melanomas também podem se parecer com um hematoma que não cicatriza ou uma mancha escura sob a unha. Inclusive, o melanoma pode surgir até nos olhos – apesar de excepcionalmente raro. Se as pessoas estão tendo visão embaçada em um olho ou pressão atrás dele, elas provavelmente devem fazer um exame de melanoma ocular. Aliás, os sintomas geralmente não estão em ambos os olhos. Mas, calma: exames regulares não são necessários porque o quadro é muito raro.

 Vale ressaltar que pessoas com histórico familiar de melanoma podem ser mais propensas a ter câncer de pele do que o restante da população. Estudos apontam que ter um parente de primeiro grau com melanoma (ou seja, um pai, irmão ou irmã) aumenta o risco de ter a doença. Por isso, é importante saber seu histórico específico de câncer de pele. Por exemplo, saber se seu avô teve um carcinoma basocelular removido ou um melanoma removido – isto tem grande diferença.

 Recomenda-se que adultos com histórico familiar de câncer de pele consultem um médico dermatologista para realizar exames a cada seis meses. Para a população em geral, o ideal seria examinar anualmente. Além disso, informe ao profissional se você já realizou bronzeamento artificial no passado e/ou teve queimaduras de sol com bolhas.

 Com a proximidade do verão, que chega no próximo dia 21, lembre-se: nunca é tarde para começar a incorporar práticas de proteção solar, como o uso de protetor regularmente. Mudar hábitos faz toda a diferença.

 

 

*Karin Krause Boneti é médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e diretora clínica da Frémissant