Os recursos públicos perdidos com ineficiência e desperdício superam os valores desviados por meio de corrupção, em Mato Grosso, e no Brasil de modo geral. A afirmação é do controlador-geral do Estado (CGE), Ciro Rodolpho Gonçalves, e do chefe da Controladoria Geral da União (CGU) em Mato Grosso, Sergio Akutagawa.
Leia mais:
Brustolin afirma que só balanço do dia 31 de dezembro indicará se existe excesso de arrecadação a ser repassado para Assembleia Legislativa
De acordo com Akutagawa, dos recursos federais perdidos que chegam à CGU, cerca de 20% é consequência da corrupção. “A maioria, cerca de 80%, é desperdício, mesmo. A CGU não serve apenas para combater a corrupção. Nós trabalhamos em cima desse 100% que é perdido. Então temos que combater a má gestão também”, disse.
Dentro do governo de Mato Grosso, a proporção de corrupção é maior, de acordo com Ciro Gonçalves, mas ainda não bate o desperdício. Com base nas auditorias já realizadas, ele estima que cerca de 40% seja perdido com corrupção, e 60% com desperdício.
“Do total de recurso público desviado, 40% eu credito à corrupção. É um pouco aventura cravar esse número, mas o ponto é esse: o desperdício ainda é maior que a corrupção. E com as ações do governo do estado com relação à eficiência já estamos obtendo resultados fantásticos”, afirmou o controlador.
“Nós estamos gastando 28% a menos com custeio do que estávamos gastando no ano passado nessa mesma data. Coisas como ar-condicionado ligado, uso de veículos, diárias inúteis, financiamento de festividades desnecessárias. E isso porque salário aumentou, o combustível aumentou, a inflação está aí, e mesmo com esse ambiente, estamos 28% abaixo do ano passado. São cerca de R$ 360 milhões economizados”, completou.
Ciro observou, ainda, que é mais simples combater o desperdício do que a corrupção, uma vez que a eficiência depende unicamente de ações internas. Já o combate à corrupção exige ação mais ampla, pois depende de controle externo e outros poderes, como o Judiciário.
“Para nós, servidores públicos, combater a ineficiência está na nossa mão. Não tem como terceirizar. Já a corrupção é um câncer. E para solucionar isso, dependemos de resoluções estruturantes, como mudar o Código Penal. Depende de muitos outros agentes. O controle interno tem que fazer seu papel, entregar para o controle externo, e o controle externo judicializar, reprovar contas, tornar ímprobo o gestor, recuperar esse dinheiro. Depende do juiz, do desembargador. É mais complexo. A responsabilidade é dividida”, observou.