As acusações feitas na terça-feira (14) pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva ainda repercutem nas redes sociais. O policial citou parlamentares e o ex-ministro Ricardo Salles que representam no Congresso o que chamou de “máfia da Amazônia”, isto é, que representam e defendem atividades ilegais na floresta, como garimpeiros, madeireiros, grilagem, pesca predatória, desmatamento e agropecuária, especulação imobiliária etc. Entre os citados por Saraiva – todos políticos ligados ao presidente Jair Bolsonaro – está a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A denúncia fez ferver a internet e a hashtag #ZambelliNaCadeia figura entre os temas mais comentados do Twitter desde então.
Carla Zambelli pouco disse sobre o teor das acusações. A parlamentar se limitou a fazer acusações de que o delegado estaria manifestando o que chamou de “ódio dos comunistas” contra ela. A parlamentar ameaçou o delegado e disse que Saraiva “precisará de um bom advogado”.
Porém, o policial foi veloz em responder à provocação. “Vindo de uma pessoa como ela, o processo será motivo de orgulho. Coisa para se mostrar para os netos. Esse povo acha que tenho medo de processo… Certo eu brigo até com Satanás… Errado eu não brigo com ninguém”, respondeu.
BANCADA DO CRIME
As declarações que causaram a polêmica foram feitas pelo delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva em entrevista à Globonews. Ele apontou o envolvimento de políticos bolsonaristas com o que ele chamou de Bancada do Crime na Amazônia.
Além da deputada federal Carla Zambelli, estão entre os citados os senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Telmário Mota (Pros-RR). “Nós temos uma bancada do crime. Uma bancada, na minha opinião, de marginais”, disse Saraiva.
O policial prestou serviços por mais de uma década em investigações na floresta e disse que o envolvimento dos parlamentares explica o rápido avanço dos grupos de garimpeiros, madeireiros, pescadores ilegais e narcotraficantes que dominam a região.
Ele também citou agressões praticadas pelos parlamentares durante uma audiência em que participou na Câmara dos Deputado, em Brasília.
“Bandidos, até pela forma como se comportaram em um dia em que fui convidado para ir na audiência na Câmara dos Deputados, na Comissão de Legislação Participativa. Eu, que já fui em tantas audiências criminais, com advogados e criminosos sentados à minha frente, nunca fui tão desrespeitado pelos criminosos ali, na Câmara”, completou.
Além dos parlamentares, Saraiva citou o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. “Vou dizer nomes: Zequinha Marinho, Telmário Mota, Mecias de Jesus, Jorginho Mello (de Santa Catarina) mandou ofício. Carla Zambelli foi lá também, defender madeireiro junto com Ricardo Salles”.
As acusações de Saraiva também aprofundaram a indignação generalizada pelo desaparecimento e assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na Amazônia. Ambos trabalhavam justamente para denunciar crimes na floresta.
Sobre o caso, Saraiva disse que Bruno ajudou em uma operação que destruiu 60 balsas de garimpeiros ilegais na Amazônia, quando trabalhava na Fundação Nacional do Índio (Funai). Logo após, foi afastado de suas funções pelo gabinete de Bolsonaro, após ordens do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, em coordenação com Salles.
Da Redação (com RBA)