ECONOMIA

Crise

O tema, já de algum tempo na ordem do dia, vem sendo a crise financeira, cujo epicentro se localizou nos Estados Unidos e que se propagou por todo o mundo.
Os efeitos foram de proporção variada pelos diversos países por ela atingidos. No caso do Brasil é até aceitável a definição do presidente Lula de que ‘… essa crise é apenas uma pequena marola” . Interessante se faz analisar alguns aspectos. Antes de mais nada nosso país se encontra em uma situação bem confortável no aspecto econômico-financeiro com reservas de capitais nunca antes alcançadas. A injeção de dinheiro no mercado financeiro em “socorro” aos bancos tem sido muito pródiga.Como bem diz a revista Dinheiro na edição de 29/10, “O governo mostra que não há limites para garantir a liquidez e injeta bilhões de reais no mercado brasileiro.”
Não há dúvidas que alguns setores da indústria baixaram um pouco o pé no freio da produção. A queda das vendas atinge o comércio, cujas previsões para esse fim de ano vêm sendo revisadas para baixo. Não obstante, o comercio vem abrindo vagas para as já conhecidas contratações de fim de ano.
Aliás é interessante observar que, em plana “crise”, dois gigantes dentre as instituições financeiras se unem e passam a ocupar lugar de destaque no ranking bancário: é o 1º nacional e o 6º nas Américas. É também a 4ª maior empresa da América Latina, antecedida pela América Movil (mexicana) e pelas brasileiras Vale e Petrobras ( a 1ª). Cite-se, ainda, que, também em plena crise” bilhões de dólares de origem asiática são carreados para a indústria pesada brasileira, no caso, a Companhia Siderúrgica Nacional.
A crise financeira lança para segundo plano o noticiário e a avaliação de crises muito mais sérias e em cuja base está a origem da famigerada “crise financeira mundial” . Na verdade tudo começou nos Estados Unidos com a crise que atingiu o setor imobiliário e cuja raiz está na “crise do consumismo” . Efetivamente o consumismo é que levou muitos americanos a investir na construção civil, com mansões suntuosas, verdadeiros palácios, que, a um certo momento, ficaram sem compradores. Daí veio um efeito em cascata que atingiu as organizações financeiras.
A “crise do consumismo” está em todas as classes sociais e por todo o mundo. Os avanços da tecnologia são uma das alavancas que leva a se consumir por consumir. Vamos citar apenas os telefones celulares. A cada dia aparecem aparelhos mais sofisticados que servem até para falar.
A grande crise, porém, dos nossos dias é a falência das instituições com suas ramificações nos mais diversos setores da sociedade. Cite-se, por exemplo a segurança. A cada dia crescem os acidentes nas rodovias ocasionados pelo mau estado de conservação, – falta de segurança para os veículos e seus condutores; a violência no trânsito, com índices sempre mais crescentes; a violência na escola onde professores são agredidos por alunos que também se engalfinham em verdadeiras batalhas campais. Os assaltos são cada vez mais violentos e sofisticados com bandidos mais bem armados do que as forças policiais e que aterrorizam a sociedade.. Tudo isso pela falência da segurança. E aqui vale citar que o Orçamento da União contempla o” Pronasc” – “Programa nacional de segurança e cidadania”. Entretanto dessa dotação orçamentária foram gastos menos de 10% no presente exercício cujo término está a menos de 60 dias.
Outra grande crise está falência da educação, um dos principais esteios da sociedade constituída. Pitágoras (Sec. V a.C) ensinava: “educar a criança para não ter que punir o adulto”. A educação não é somente a escolar, a educação tem um âmbito social muito maior, cuja origem está no seio familiar. “A pátria – no dizer de Rui Barbosa – é a família amplificada”.
A crise na instituição familiar, que acompanha as demais crises, começa pelo casamento que acontece em nível decrescente de idade, talvez a principal causa para que a sua estrutura está abalada. Ora, o casamento, em qualquer que seja a sua forma, civil, religioso, por união estável,é a base da família. E se essa instituição está também em crise – basta que se observe o índice ascendente dos divórcios – como poderemos ter a amplificação da família de que falava Rui Barbosa?
Se cada um de nós, integrados na sociedade, dermos uma parcela de nosso esforço, cada um em sua área de atuação, para diminuir a violência em qualquer uma das suas facetas, não estaremos contribuindo para uma vida melhor, cada vez mais longe das crises?
J.V Rodrigues

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