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sábado, novembro 23, 2024

Debates vazios e saco cheio

Os debates televisivos dos candidatos à presidência da república começaram e com eles também chegaram a irritação de parte da população brasileira. Há sim uma parcela do povo que gostou do que viu até agora, mas a maioria deste grupo são pessoas já propensas em votar em alguém ou já tem algum tipo de simpatia por um dos candidatos ou por seu histórico político. Dizer que até agora Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB) ou mesmo a candidata a reeleição Dilma Rousseff (PT), principais favoritos a vitória, apresentaram alguma coisa nova em suas falas é total fanatismo.
Para aquele cidadão que assiste a tudo ainda acompanhado da indecisão de seu voto, a sensação é de decepção. Aécio Neves faz um discurso de plena acusação contra a presidenta Dilma, hora ou outra assumindo que houveram sim coisas boas, como, por exemplo, o Bolsa Família, em um claro receio de desagradar parte do eleitorado mais humilde. A petista se mostra quase como um fantoche bem adestrado de seus bons marqueteiros e não crava sequer uma posição bem definida sobre qualquer que seja o assunto. Sobre corrupção, usa o colete a prova de acusações, emprestado por Lula, e se esquiva do ônus, enquanto que ratifica não poder emitir nenhum parecer opinativo sobre uma decisão da maior instância do judiciário, o STF, que mandou prender e condenou seus principais aliados de partido comprovadamente mensaleiros.
Por outro lado, Marina Silva foi apontada por muitos como a grande ‘vencedora’ do debate, mas não dá para entender o porquê. Alguns dizem que ela não se comprometeu em nenhum dos assuntos, no entanto, isto não deve ser sinônimo de um político preparado para assumir o Brasil. Aliás, pelo contrário, o que um país em plena ascensão como o nosso que cresce economicamente necessitando fazer com que outros setores acompanhem esta evolução é exatamente alguém que se comprometa, que lute, brigue e xingue se for preciso, desde que acumular alguns adversários seja sinônimo de conseguir o melhor para a nação. Marina parece ainda uma estranha no ninho do PSB e dá a impressão clara de estar ali só de passagem. Sua fala mansa e sua defesa ideológica é acompanhada de sua limitada capacidade de aglutinar, ato que terá de fazer enquanto chefe do Executivo Nacional para ter governabilidade. Ela foi do PV e saiu brigada, é do Acre e não tem amigos por lá e no próprio partido que está, há bem pouco tempo, não é adorada e trocou toda a equipe que preparava a campanha de Eduardo Campos. Aparenta só está onde está por oportunismo e porque não conseguiu lançar sua rede em outros mares.
Talvez nunca tenha havido um cenário tão indeciso para os indecisos, mas como nunca foi na história deste país duas mulheres concorrem cabeça a cabeça pela presidência, algo até pouco tempo impensável, mas que agora demonstra que o conservadorismo exacerbado de parte da população está plenamente quebrado e se há pouca coisa a se comemorar esta talvez seja uma. Outra surpresa também vem do público feminino, ou melhor feminista, é Luciana Genro (PSOL). Ela, apesar de ter nome, ou melhor, sobrenome de peso na política, não faz a linha de alguém que esteja tentando agradar todo mundo em suas primeiras grandes aparições nacionais e defende suas ideologias, que apesar de serem totalmente coerentes, parecem ser modernas demais para o atual Brasil. Mas certamente é um nome ou faz um tipo de política que tende a crescer.
A morte de Eduardo Campos sem dúvida foi um marco triste da história do Brasil, mas acabou por ser um dos únicos fatores talvez capazes de tirar a reeleição da mão do PT e o poder da mão do mesmo grupo político que governa o país mais rico da América Latina há 12 anos. Por mais que fosse extremamente cativante e preparado, Campos seria fatalmente um nome para o futuro e não conseguiria tirar a grande vantagem de Dilma, que dava pinta de lhe ia dar a vitória no primeiro turno. A ideia agora é outra, pois a meta não é mais vencer de cara, mas ao menos conseguir vencer, nem que for de ½ a 0, como se diz no futebol.
O PT sem dúvida ficou gigantesco com Lula e se alastrou ainda mais no primeiro reinado de Dilma, mas pode ser cruel a queda do time da estrela e da bandeira vermelha se por acaso vier a tirar a mão da batuta. O que segura o partido como quase absoluto no poder foi fazer o que ninguém tinha feito, que era atacar com prioridade a miséria. É inegável que isto foi conseguido e o que contesta-se agora é a capacidade petista de dar o próximo passo e dar ao povo além de um socorro financeiro emergencial, cultura e educação capaz de elevar o país ao primeiro mundo. Eleitoralmente falando, há muita gente que não deixa de votar no PT, com medo do retrocesso. Mas se numa dessa alguém vem, assume e além de continuar o bom trabalho feito consegue dar o próximo passo? Qual seria o discurso do PT em 2018 para voltar?
Da Redação – Hevandro Soares

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