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terça-feira, novembro 26, 2024

Crise e pandemia forçam jovens a buscar trabalho e prejudicam estudos

As medidas adotadas para conter o avanço do coronavírus afetaram diretamente seu planejamento: as aulas presenciais foram suspensas, o ensino remoto exigiu outra rotina de preparação, e o fechamento de empresas e comércios fez com que a renda familiar, composta pela venda de bolos e doces, despencasse.

Camila teve que deixar a dedicação exclusiva aos estudos para conciliar com o trabalho e ajudar nas despesas da casa em que mora, em Porto Velho (RO), com a mãe e o irmão de 10 anos.

"Se já é difícil estudar só se preocupando com o vestibular, imagina estudar e ter que pensar em como pagar as contas? Não é só o cansaço físico de trabalhar um dia inteiro. É o cansaço mental que mais me atrapalha. Como você dorme pensando na conta para vencer, se não tem dinheiro para pagar?", diz a jovem.

A crise econômica agravada pela pandemia tem efeitos perversos sobre a juventude. Entre 2020 e 2021, caiu o número de estudantes que não trabalhavam nem procuravam trabalho. Ao mesmo tempo, cresceu o percentual de alunos que estão procurando emprego. No ensino médio eram 33% no ano passado e, em abril deste ano, já são 42%. Entre eles, a maioria (44%) está na rede pública e 29% no ensino privado.

Os dados são da pesquisa Juventude e Pandemia, que ouviu 68 mil jovens de 15 a 29 anos entre março e abril deste ano. Ela foi divulgada nesta quarta-feira (11), no Dia do Estudante, pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), em parceria com instituições como Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Visão Mundial e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Acesso ao ensino superior

A dificuldade em concluir os estudos, agravada pela antecipação da entrada destes jovens no mercado de trabalho, pode impactar no futuro desta geração.

A pesquisa aponta que 11% dos estudantes matriculados no ensino médio declaram não estar acompanhando as aulas remotas, seja por falta de conectividade, ou por questões de trabalho.

Outro dado que chama a atenção é que 70% dos jovens declaram que não estão conseguindo se preparar como gostariam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. A prova é considerada o maior vestibular do país, porque as notas permitem disputar vagas em universidades públicas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), além de serem aceitas em algumas instituições privadas.

Com isso, 80% dos estudantes dizem ter medo do desempenho na prova; em 2020 eram 63%.

A insegurança levou 50% dos jovens a declararem que estão pensando em desistir do Enem neste ano. Em 2020, eram 47%.

O cenário revelado pela pesquisa também pode ser percebido nos números oficiais do Enem. Em 2021, o total de inscritos confirmados foi de 3.109.762, o menor índice desde 2005, quando o exame ainda não tinha o formato de vestibular e contou com a participação de 3.004.491 candidatos.

Na edição de 2020, já tomada pelos efeitos da pandemia, foram 5.783.357 inscritos e o maior registro de abstenção da história: 55% dos candidatos não compareceram às provas.

Trabalho e estudo

A pressão do emprego sobre o estudo também atingiu Rafaela Ribeiro dos Santos, de 18 anos, que mora em Natal (RN).

Ela está conciliando a conclusão do ensino médio no Instituto Federal Tecnológico do Rio Grande do Norte (IFRN) com um trabalho na área de tecnologia da informação.

Fonte: BBC News, Brasil

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