Nesse ano de Copa do Mundo, nesse ano de eleições majoritárias, com vistas exatamente às eleições, o governo vem efetuando trocas no ministério. Mercadante ia bem na educação. Foi remanejado para a Casa Civil. Ocupou seu lugar um funcionário do alto escalão do próprio ministério. A expectativa é de que mantenha a mesma linha do seu antecessor. O orçamento da república prevê mais dinheiro para a educação. A expectativa é de que efetivamente essas verbas não se percam pelo caminho, que cheguem ao seu destino sem que algum "aventureiro de plantão" as desvie para outros fins que não a escola, como por exemplo, campanha política.
Há que se reconhecer que o Brasil necessita muito ainda caminhar para que se chegue a uma educação de qualidade. Muitos são os programas oficiais de incentivo ao ensino. Há até um institucional do MEC bem produzido. A questão é: até onde todos aqueles incentivos chegam às salas de aula, chegam ao estudante? Quais os meandros da burocracia a serem percorridos?
Os números das últimas avaliações do nosso ensino estão aquém das metas estabelecidas pelo governo até mesmo nas escolas particulares, onde era de se esperar resultado diferente. O sinal de alerta acendeu no MEC. Na ocasião o Ministro Mercadante, que tem dado mostras de preocupação maior com o nível de ensino nacional, mais do que seus antecessores, suscitou planos emergenciais com mudanças no currículo escolar, que. ao que parece, ainda não sairam do papel.
Idealizava o Ministro a redução em número das disciplinas que compõem a grade curricular e, dessa forma, reforçar a qualidade do ensino em sala de aula. Na opinião abalizada de mestres que tem a formação escolar como prioridade, considera a medida inócua.
Efetivamente, o que acontece no país é que a precariedade da qualidade do ensino se deve a fatores outros entre os quais equívocos no planejamento do seu desenvolvimento. O ex-presidente Lula, no afã de demonstrar sua preocupação com a cultura do povo brasileiro, promoveu a proliferação de escolas de nível superior, nivelando a educação pelos seus parâmetros de escolaridade.
Daí resultou uma ampliação do número de vagas universitárias mas não se cuidou da qualidade do nível docente, com professores incapacitados para transmitir um nível apenas sofrível de educação superior.
Os resultados nem merecem comentários. Basta citar que muitos foram os estabelecimentos que tiveram suas portas fechadas pelo próprio MEC por não apresentarem qualidade de ensino… As universidades proliferaram mas faltaram os mestres para lecionar, faltou toda uma infraestrutura escolar para que se ministrasse uma formação adequada: faltaram bibliotecas, faltaram laboratórios, em fim, a universidade brasileira careceu de estrutura e os resultados foram os piores possíveis, inflacionando o ensino superior com formandos incapacitados ao exercício da profissão e isso por culpa do próprio sistema equivocado adotado pelo governo, não obstante houvesse interesse do formado qeu sonhava com um diploma universitário
Um outro ponto que merece atenção é o que se refere às cotas universitárias. O plano do governo visa obrigar as universidades publicas a manterem uma reserva de 50% das vagas destinadas aos alunos oriundos da rede publica. Dentre essas faculdades estão aquelas que ainda ministram um menino de qualidade e são, por isso mesmo, as mais disputadas por todos aqueles que almejam um ensino de qualidade para a sua formação superior e os estudantes oriundos da rede particular pela própria qualidade do ensino que recebem, são os melhores. classificados nos vestibulares dessas universidades.
Se não houver uma melhoria do ensino básico na escola pública, esses postulantes à universidade estarão sempre em inferioridade no que se refere à formação curricular universitária em comparação aos seus pares oriundos da escola particular.
Para corrigir essa distorção é que o MEC está planejando a adoção de medidas tais como aulas de reforço para os estudantes cotistas que pretendem chegar à faculdade dentro da cota universitária.
Reconhecia o Min. Mercadante que esses postulantes carecem de um mínimo de conhecimento para que atendam às exigências dos cursos almejados. E para que essas medidas saiam do papel impõe-se a necessidade de verbas públicas. A expectativa do MEC é que o Senado aprove o projeto já tramitando na Câmara e que assegura 10% do PIB para a educação.
J. V. Rodrigues
"Educação de qualidade para um Brasil melhor"