Aumento de mentiras nas redes faz crescer confiança na imprensa

Em uma época em que nunca se consumiu e produziu tanta informação, o brasileiro ainda é um dos povos que mais confiam em conteúdos veiculados por empresas de comunicação. É o que diz uma pesquisa feita pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
No Brasil, 60% dos entrevistados disseram confiar nos meios de comunicação para se informar, índice que só é superado no mundo pela Finlândia, com 62%, colocando o país em segundo lugar entre os que mais confiam na mídia. O “Relatório de Jornalismo Digital 2017” aponta ainda que as redes sociais vêm sentindo os reflexos negativos da proliferação das chamadas 'fake news', ou notícias falsas. Com isso, o Facebook, por exemplo, vem perdendo espaço em diversos países, inclusive no Brasil.
O JORNALISMO NO COMBATE ÀS INFORMAÇÕES FALSAS
Um dos principais fatores que elevam a credibilidade do jornalismo, de acordo com a pesquisa, é o trabalho da imprensa em separar fatos de boatos. Entre os entrevistados, 40% consideram que as notícias de empresas de mídia têm um cuidado maior ao difundir informações. Nesse mesmo quesito, as redes sociais registram 24% da confiança das pessoas ouvidas.
Segundo o relatório, a falta de regras e o uso de algoritmos para aumentar a audiência “encoraja o avanço das fake news”. O estudo ainda destaca o esforço das empresas de comunicação em combater as notícias falsas.
Nos veículos da Rede Gazeta, por exemplo, foram criadas as seções Passando a limpo — com foco na checagem de informações que circulam em redes sociais e no Whatsapp — e a Que fim levou? — em que são resgatadas histórias que geraram grande repercussão no passado e as consequências para os envolvidos.
“A pesquisa retrata a importância do jornalismo profissional no Brasil, ainda mais em um momento como o que vivemos, com grandes escândalos de corrupção, desde a época do Mensalão, em 2005, até a denúncia contra o presidente Michel Temer, esta semana.
CONSUMO DE NOTÍCIAS
Segundo o estudo britânico, aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, têm ganho espaço. O estudo cita o fato de estes permitirem uma comunicação mais privada e não filtrarem o seu conteúdo através de algoritmos, como faz o Facebook.
No Brasil, 46% dos entrevistados disseram usar o WhatsApp para acessar e compartilhar notícias, um aumento de 7 pontos percentuais frente ao ano anterior. Por outro lado, o Facebook é a escolha de 57% dos entrevistados — uma queda de 12 pontos percentuais em relação a 2016. Em 2014, o WhatsApp foi comprado pelo Facebook. Já o YouTube, da Google, é fonte de informação para 36% dos entrevistados, contra 35% um ano antes.
O estudo aponta também mudanças na forma de consumir notícias pela internet. Os celulares ultrapassaram os computadores como o principal dispositivo usado para acessar notícias no Brasil pela primeira vez. Segundo a pesquisa, o uso de smartphones para ler notícias nas regiões urbanas no Brasil chegou a 65%, contra 62% dos computadores. Na média dos países pesquisados, 56% disseram ter usado o celular na semana anterior para ler notícias, contra 58% para os computadores.