POLÍTICA

Lula comenta assassinato de Genivaldo e diz que genocídio no Brasil é abominável

Em entrevista para a Rádio Bandeirantes, nesta terça-feira (31), o ex-presidente e pré-candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Umbaúba (SE), que levou à morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos. O caso ocorreu no último dia 25, quando três agentes da PRF transformaram uma viatura em câmara de gás após detonar, dentro do porta-malas, uma bomba de gás lacrimogêneo e levar à morte o homem negro.

Genivaldo, que era diagnosticado com esquizofrenia, estava trancado e algemado no porta-malas do veículo após ser detido por trafegar de moto sem capacete. E morreu, segundo laudo do Instituto Médico Ilegal (IML), por asfixia mecânica e insuficiência respiratória, aguda por ter aspirado o gás.

“Você viu o que foi feito com rapaz Genivaldo em Sergipe? Aquilo é comportamento da polícia? Três homens para enfrentar uma pessoa com problema de distúrbios mentais fazer aquela violência? É falta de formação, atuação, de inteligência, de preparação”, afirmou Lula. Na semana passada, durante encontro com movimentos populares, o ex-presidente já havia participado de homenagem a Genivaldo. Durante o ato, puxado por Simone Nascimento, da coordenação nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), cartazes foram levantados cobrando justiça ao caso.

ABOMINÁVEL

Lula também foi questionado sobre a operação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, que deixou ao menos 23 mortos e resultou na “maior chacina do ano”, segundo o Instituto Fogo Cruzado.

A ação, que completa uma semana nesta terça, entrou para a história também como a segunda mais letal do Rio. Além de ter contado também com a participação da PRF. Para o ex-presidente, a violência policial só acontece pela “ausência do Estado”.

“Se o Estado chegasse antes, com política social, com emprego, com educação, com saúde, com saneamento, com cultura, com área de lazer, com asfalto e iluminação, certamente a polícia seria mais um ingrediente de política social e não a única solução como se tenta estabelecer. Eu acho abominável esse genocídio que acontece no Brasil”, condenou Lula.

A opinião do pré-candidato contrasta com a do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. Ontem (30), o mandatário chegou a afirmar que a PRF teria “abatido um marginal” ao se referir a Genivaldo. Bolsonaro também chegou a parabenizar os agentes envolvidos na segunda chacina policial mais letal por “neutralizar”, segundo ele, “pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto”, escreveu ele, sem quaisquer provas. O comentário foi repudiado por autoridades judiciais, como o advogado Yuri Felix, em entrevista à RBA. Em sua avaliação, ele disse que o presidente dá “cada vez mais mau exemplo para os agentes, os funcionários públicos e toda a cidadania” no momento em que elogia “uma postura que não podemos entender como normal”.

Pelo menos 11 dos 23 mortos não tinham processos criminais, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

ATO CONTRA VIOLÊNCIA

Famílias também alegam inocência de várias vítimas e há denúncias de execução à facadas e casas invadidas pelos policiais durante a operação. Os dois casos – morte de Genivaldo e chacina na Vila Cruzeiro – serão novamente lembrados em manifestação nesta quarta-feira (1º) em ato contra a violência policial. O protesto foi convocado por movimentos negros e populares e tem concentração marcada para as 18h, na área do Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo.

“Não podemos nos calar diante da violência racial, todas e todos para rua, por #JustiçaPorGenivaldo, asfixiado pela PRF de Sergipe e porque #ChegaDeChacina, como a última realizada na Vila Cruzeiro – RJ, exigimos que #ParemDeNosMatar”, diz o chamado dos movimentos.

O protesto também denuncia a violência policial no centro da capital paulista, na região conhecida pejorativamente com Cracolândia. No último sábado (28), o videojornalista Caio Castor flagrou três agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) acertando com cassetete uma mulher que passava na região. E, depois, utilizando gás de pimenta diretamente contra o rosto dela. O jornalista chegou a ser intimidado por um grupo de moradores do centro por divulgar as agressões durante a abordagem policial.

A manifestação também cobra o fim da repressão à cultura periférica, como a Batalha da Matriz. O evento de disputa de rimas ocorre desde 2013 em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Mas recentemente, segundo os organizadores, vem sendo alvo de abordagens policiais violentas. Movimentos negros e populares pedem um basta a esses atos. nda mais letal do Rio. Além de ter contado também com a participação da PRF. Para o ex-presidente, a violência policial só acontece pela “ausência do Estado”.

 

Da Redação (com RBA)

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo