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segunda-feira, novembro 25, 2024

Clima de incerteza ganha campanhas do PT e do PSDB

Por trás dos discursos e slogans de vitória, as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) chegam à reta final sem qualquer certeza do resultado que sairá das urnas. Bem que a candidata petista, sua equipe e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentaram mostrar tranquilidade. Mas longe dos holofotes o medo de que uma eleição dada como ganha há duas semanas não se decida neste domingo fica evidente. Do outro lado da disputa, Serra insiste diante das câmeras em se dizer otimista de que irá ao segundo turno. Nos bastidores, entretanto, o clima é de tensão.

Embora Dilma ainda ostente uma vantagem sobre os adversários – ela tem 55% dos votos válidos de acordo com o tracking Vox Populi/Band/iG –, petistas não poupam nem o presidente Lula. Dizem que ele se expôs além do necessário durante a campanha por pura vaidade, e transformou os comícios em que a protagonista deveria ser Dilma em atos de despedida. “Lula é nossa principal arma. Não é para usar a torto e a direito. É para quando precisa. O exagero acabou banalizando a presença dele e colocando Dilma em segundo plano”, reconheceu um cardeal petista.

Do lado tucano, o clima nos dias que antecedem a ida às urnas é o de que qualquer erro bobo ou notícia negativa pode resultar numa perda de votos que podem fazer falta. Por isso Serra optou por ficar em seu Estado, São Paulo, apesar de ter recebido um convite do ex-governador mineiro e candidato ao Senado Aécio Neves para uma última visita a Minas Gerais nesta sexta-feira.

Na hora de definir a agenda, prevaleceu a escolha por um “Cadeiraço pela acessibilidade no Brasil”, na capital paulista, e uma visita a Suzano, município que fica a 34 km de São Paulo. A agenda segura em solo paulista contrasta com o resto da campanha. Serra foi o candidato ao Planalto que mais viajou pelo País na disputa eleitoral deste ano.

O debate da TV Globo, organizado na noite de quinta-feira, deixou evidentes as preocupações que guiam as duas campanhas. Enquanto Dilma procurava se colocar na defensiva diante do risco de ataques, Serra evitava o confronto. O clima pós-debate era de zero a zero. No entanto, Dilma pareceu mais à vontade diante das perguntas de jornalistas e só interrompeu a coletiva a pedido de sua assessoria.

Dos tucanos que estiveram presentes no encontro, só o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, acompanhou Serra na entrevista coletiva. Aécio saiu pela área especial, mas não deixou de falar com os jornalistas que o procuram. “Só dá para saber se haverá segundo turno no domingo”, resumiu. Guerra tentou se mostrar mais confiante: “Está garantido no segundo turno”. No entanto, falou que o PSDB sofrerá mudanças após as eleições e que Aécio deve ser conduzido ao comando da sigla.

Alerta

No caso do PT, o avanço da senadora Marina Silva (PV-AC) nas pesquisas, somado aos rumores acusando Dilma de ser favorável ao aborto, colocou a equipe petista em estado de alerta. A tensão se amplificou a tal ponto que o PT decidiu instalar na última hora uma central antiboataria em sua sede em São Paulo. Ali, dirigentes do partido identificavam e apuravam rumores do que poderia ser a tal “bala de prata”, denúncia que pulverizaria a candidatura na véspera da eleição sem que houvesse tempo para resposta.

As lembranças de Miriam Cordeiro dizendo para todo o Brasil, em 1989, no programa de Fernando Collor, que Lula tentou obrigá-la a fazer um aborto da filha Luriam tiraram o sono dos petistas. “Temos que estar preparados para tudo. Se colocaram até camiseta do PT em sequestrador chileno (do empresário Abílio Diniz, também em 89) são capazes de qualquer coisa”, disse um dirigente do PT.

Fato Marina

Ao mesmo tempo em que acendeu no PT a preocupação quanto a um segundo turno, Marina transformou-se na grande aposta do PSDB na reta final. Relatório que circula dentro da campanha credita à “onda verde” a possibilidade de segundo turno. O documento foi produzido pelo consultor Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, que é prestigiado por tucanos. Serra, porém, não gosta de Almeida.

O consultor compara o quadro de 2010 com o de 2002, quando houve segundo turno entre Serra e Luiz Inácio Lula da Silva: “Nas eleições presidenciais anteriores, quando houve um candidato semelhante a Marina, isto é, uma terceira força que disputa pela primeira vez uma eleição presidencial, que foram exatamente os casos de Ciro em 1998 e Garotinho em 2002, eles ficaram com aproximadamente 12% dos votos. Por isso nós fizemos a previsão que a Marina ficaria em torno disso o que resultaria em uma eleição de um turno só. Com o crescimento inesperado de Marina a eleição caminha para o segundo turno”, escreve Almeida.

Contudo, em outro trecho, o próprio Almeida pontua que a possibilidade de vitória de Dilma no primeiro turno não está totalmente descartada: “Ainda há uma certa dúvida em função de outras pesquisas face a face que mostram a Dilma com uma margem suficiente para vencer no primeiro turno mesmo que ela esteja superestimada. No Datafolha ela aparece com 51% dos votos válidos, o que eu acho que significa eleição em dois turnos. Se ela aparecer no Ibope com 54% de válidos aí teríamos a eleição em um só turno”.

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