Formar, ainda na infância, cidadãos financeiramente conscientes, independentes, capazes de gerir o orçamento familiar, planejar e poupar.
É com esse objetivo que o Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (SENARC), está estruturando uma ampliação do programa Futuro na Mão, que hoje oferece oficinas de Educação Financeira a mulheres beneficiárias do Bolsa Família e usuários do CRAS.
A versão 2.0, planejada para ser lançada em 2021, incluirá também jovens e crianças atendidas pelo Programa Bolsa Família.
"Vamos ampliar o escopo do Futuro na Mão, porque é na primeira infância que se dá a formação do cidadão consciente", explicou a secretária nacional de Renda de Cidadania, Fabiana Rodopoulos.
"As crianças precisam aprender o que é escassez de recursos, saber como gastar o dinheiro. São esses pilares de valores – tanto financeiros quanto de vida – que queremos levar aos jovens. É com pensamento crítico que se constrói cidadania".
Além de sensibilizar sobre a questão do planejamento financeiro, os projetos explicarão o que são os impostos e como eles são aplicados em benefício de toda a sociedade.
Temas importantes como bens e serviços públicos serão apresentados de forma que as crianças consigam entender.
Escolas, hospitais, estradas e parques são bens públicos para os quais todos contribuem e dos quais todos devem cuidar.
O mesmo se aplica a serviços como o corpo de bombeiros ou a polícia, financiados por impostos pagos por todos e que beneficiam a todos os cidadãos.
"É importante disseminar conceitos e ações fundamentais já nos primeiros anos de vida. Conhecimento é ferramenta de transformação social", ressaltou Fabiana.
Para chamar a atenção das crianças, o tema será apresentado de maneira lúdica. Uma experiência realizada em uma escola pública do Mato Grosso do Sul mostrou que Educação Financeira e Infantil podem, e devem, caminhar juntas.
A professora Marcela Tatiane Garib desenvolveu um projeto sobre responsabilidade fiscal e financeira com turmas do 3º ao 9º ano a partir do livro "Escolhas do Governo", escrito pela secretária Fabiana.
A ação foi muito bem sucedida e, segundo a professora sul mato-grossense, os alunos aprenderam, entre outras questões, a questionar e avaliar os gastos do governo e aplicação dos impostos.
A execução do Futuro na Mão 2.0 se dará a partir de uma parceria firmada entre o Ministério da Cidadania, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A ação junto ao Unicef visa a apoiar a realização de avaliações de impacto das ações de educação financeira, promover a discussão, diálogo e disseminação de informações e conhecimentos para crianças e adolescentes, apoiar tecnicamente o mapeamento de experiências de educação financeira e apoiar a elaboração de conteúdos e produção de materiais para capacitação relacionadas às ações de educação financeira voltadas às famílias beneficiárias do PBF.
Já a parceria com a CVM prioriza a mudança cultural de indivíduos e famílias, visando à valorização da ética, honestidade, autonomia e das decisões financeiras conscientes, bem informadas e adequadas aos objetivos de vida de cada grupo familiar.
A entidade apoiará ainda a elaboração de estratégias voltadas à Primeira Infância e aos responsáveis familiares, com a ampliação do Programa Futuro na Mão, que, a partir de 2021, deverá ocorrer de maneira híbrida, não mais somente por meio dos encontros realizados no CRAS, mas com conteúdo disponibilizado online. Está em estudo também a oferta de novas oficinas, como a de empreendedorismo.
"A comparação entre orçamentos públicos e orçamentos familiares é parte importante desse processo de ensino e aprendizagem.
Assim como governos responsáveis gastam apenas o que arrecadam com os impostos, famílias responsáveis gastam apenas o que ganham", explica Rodopoulos.
"O objetivo maior é contribuir para a construção da autonomia e para o incremento das chances de mobilidade social das famílias mais vulneráveis, como as atendidas pelo PBF".
A ampliação do Futuro na Mão e a criação de sua versão 2.0 vêm num momento oportuno, com a criação da Poupança Social Digital, que possibilitou a bancarização de milhões de brasileiros.
"Agora que eles têm acesso às movimentações bancárias, é essencial que saibam gerir o próprio dinheiro, que consigam fazer a manutenção das dívidas e, principalmente, poupar", finalizou a secretária.
Poupança Social Digital
A Poupança Social Digital foi implantada por meio de uma parceria entre o Ministério da Cidadania e a CAIXA, com o objetivo de promover a inclusão bancária e a inclusão digital dos beneficiários do PBF, em complemento às ações de educação financeira para as responsáveis familiares realizadas pelo Futuro na Mão 2.0.
O que muda na Poupança Social Digital é a possibilidade de saque ou utilização fracionada dos valores dos benefícios do PBF e o acesso efetivo a serviços bancários básicos.
O recebimento do crédito do PBF é feito diretamente na conta Poupança Social Digital para utilização imediata por meio do aplicativo CAIXA Tem, permitindo ao beneficiário fazer transferências, pagamentos, saques sem cartão, pagamento nas maquininhas, etc.
Os clientes da CAIXA poderão utilizar o Cartão do Cidadão ou o cartão do Bolsa Família para saque da Poupança Social Digital nas Lotéricas, CAIXA Aqui ou caixas eletrônicos.
O uso do aplicativo CAIXA Tem também permitirá a compreensão dos benefícios e calendários do PBF com maior facilidade.
Os clientes da CAIXA que já recebiam o benefício em conta simplificada passam a movimentar e sacar exclusivamente pelo cartão da conta (cartão de débito).
A estratégia de implantação da Poupança Social Digital será acelerada. De dezembro de 2020 a março de 2021, 9 milhões de beneficiários passarão a receber o benefício em conta, o que representará um avanço sem precedentes em termos de inclusão bancária e digital.
JACIARANEWS