O exercício do voto está intimamente ligado ao conceito de cidadania. Nossos direitos como cidadãos nos são assegurados pela Carta Magna. E o cumprimento da legislação que rege o país constituem os nossos deveres de cidadania.
Através do voto o eleitor delega ao eleito a condição de representante da sociedade e de suas exigências e carências junto aos poderes constituídos, embora nem sempre assim o entendam alguns que são guindados ao poder pelo voto e que colocam os seus interesses pessoais á frente dos interesses dos seus eleitores.
O Brasil ainda é um dos poucos países onde o voto é obrigatório e portanto não propriamente um direito mas sim uma obrigação.
Não obstante pareceres em contrário, essa norma legal ainda é defendida pela maioria dos políticos , embora não o seja pelo consenso da sociedade. Entre os defensores do voto obrigatório a justificativa é que, do contrário, poucos compareceriam às urnas, até mesmo por decepção com a atuação dos políticos. Há que se convir, no entanto que e o brasileiro já é suficientemente politizado para entender o valor do seu voto como cidadão livre e consciente.
Uma demonstração viva da consciência do eleitorado nacional foi o projeto de iniciativa popular: o “ficha limpa”. Os pedidos de impugnação somam milhares por todo o pais e a decisão está nas mãos da justiça de quem o povo brasileiro espera que os seus anseios por uma democracia limpa e honesta sejam levados em consideração pelos senhores juízes, no cumprimento da lei.
Se no pleno exercício da cidadania e da democracia o cidadão tivesse a liberdade de escolher entre votar ou não – tal como ocorre na maioria dos países do primeiro mundo- jamais compareceria às urnas para anular o seu voto como um sinal de protesto. Simplesmente se absteria. A abstenção é usada por cidadãos do primeiro mundo como uma manifestação de protesto democrático, contra seus políticos.
Uma consequência negativa da obrigatoriedade do voto e’ que ainda existem políticos que desonram a categoria e ainda exercem o famigerado “voto de cabresto“ usando a obrigatoriedade do voto e a sua influencia pessoal no sentido da obtenção de vantagens eleitoreiras.
Há que se considerar que se o resultado do voto muitas vezes é decepcionante não se pode atribuir a culpa ao eleitor “que não sabe votar“ mas sim aos eleitos que descumprem suas promessas de campanha, que não se comprometeram com o eleitor. e que tiraram a máscara após sentarem no “trono”, que falsearam com a verdade nos seus discursos.
O povo, quando vota, tenta sim acertar, alguns políticos é que não se esforçam, após eleitos, na mesma medida, a corresponderem à expectativa dos votos que lhes foram destinados.
Há que se admitir que muitos políticos ainda parece se iludirem com a maturidade democrática do povo brasileiro e se julgam no direito de o conduzir a seu bel prazer. Mas enquanto o voto ainda e’ obrigação vamos aceita-la conscientemente no pleno exercício da nossa cidadania.
J.V. Rodrigues
Da editoria