Centros de tratamento Álcool e Drogas trabalham na ótica da ressocialização
A política humanizada de tratamento para transtorno mental, aplicada pelo Estado de Mato Grosso, contempla o tratamento e atendimento de pessoas comprometidas com substâncias psicoativas, como álcool e drogas.
Esse serviço de Saúde é oferecido por unidades desconcentradas do Centro Integrado de Assistência Psicossocial Adauto Botelho (Ciaps Adauto Botelho), da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que são o Centro de Atenção Psicossocial- Álcool e Drogas (Caps-AD) e a Unidade III do Adauto Botelho.
Segundo a gerente do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD), Débora Blanco Canavarros, o acesso a esse tipo de tratamento é facilitado pelo atendimento dado pelas Unidades Básicas de Saúde da rede SUS, as policlínicas, os postos de Saúde e o Programa Saúde da Família (PSF) que podem encaminhar os pacientes que necessitam dos cuidados do Centro.
O CAPS AD também é porta aberta de atendimento, ou seja, a família que precisar do atendimento pode se dirigir diretamente ao endereço do Centro. A equipe do CAPS ad acolhe, avalia encaminha para desintoxicação quando necessário e trata. As internações são sempre em último caso, quando houver algum risco à vida o usuário.
No CAPS – AD o paciente é acolhido por uma equipe multiprofissional composta por psicólogos, um Assistente Social, um Clínico Geral, um Psiquiatra e outros especialistas que, após examinar o paciente, discute o estabelecimento de um protocolo de tratamento individualizado e incentiva a adesão do doente a um dos grupos criados para auxiliar na recuperação dessa dependência. Os grupos são: Psicoterapia, Educação Física, Artes, dentre outros.
Uma das maiores causas do sucesso do tratamento é a aceitação, por parte do paciente comprometido com substâncias psicoativas, de que ele precisa de ajuda. Porque o que se busca no CAPS-AD é a ressocialização, que significa que o paciente alcance uma situação em que possa ser reintegrado ao convívio familiar e na sociedade, explicou Débora Blanco Canavarros.
O acolhimento oferecido a esses pacientes não inclui a internação, vez que a principal característica desse atendimento é que o doente aceite o tratamento, que pode ser realizado sem que seja internado. “Temos aqui um espaço de reconstrução, de escolhas e de se responsabilizar por elas, definiu Débora Canavarros. O que o paciente quer para sua vida? É a resposta a essa pergunta que vai definir o esforço que ele está disposto a realizar para melhorar sua situação”, disse a gerente.
Já a Unidade III, do CIAPS Adauto Botelho, só acolhe pacientes com encaminhamento feito pelo Pronto Atendimento do CIAPS Adauto Botelho ou via Poder Judiciário. Hoje possui uma clientela de 27 pacientes internados, cujo período de internação varia de 35 a 45 dias.
“Nesta Unidade o tratamento é medicamentoso e conta com o apoio, para restabelecer esses pacientes, das várias terapias alternativas autorizadas pelo Ministério da Saúde”, explicou o gerente da Unidade III, Leonardo Araújo Barbosa.
Ao falar em terapias alternativas, autorizadas pelo Ministério da Saúde, o Gerente se refere a sessões de terapia psicológica, participação nas Oficinas instituídas na Unidade, como a de Artes Plásticas, de Arte-terapia, de Educação em Saúde, de Qualidade de Vida, de Relaxamento, de Educação Física, de Cinema, de Música e de Marcenaria, dentre outras, além de palestras informativas sobre a condição do paciente.
Como o doente, normalmente, chega desnutrido à Unidade III, ele é submetido a um acompanhamento nutricional para obtenção de sua reestruturação física o que vai ajudar na recuperação psicológica e psiquiátrica. O objetivo imediato desse primeiro tratamento é a redução de danos a que o paciente foi exposto antes de vir à Unidade III.
Segundo estimativas da Unidade III, 60 a 70 por cento dos pacientes encaminhados conseguem chegar à ressocialização. “Esse percentual é uma demonstração do acerto da Política de Humanização preconizada pelo SUS e aplicada ao tratamento de pessoas comprometidas com substâncias psicoativas”, lembrou o Gerente.
Uma equipe multidisciplinar também atua na Unidade III. São Clínicos Gerais, Enfermeiros, Nutricionistas, Psicólogos, Assistentes sociais, Fisioterapeutas, Farmacêuticos, Terapeutas e Arte Terapeutas, todos trabalhando pela recuperação do paciente e sua conseqüente ressocialização e integração na sociedade.
Uma das oficinas onde se vê o bom resultado dessa Política de Humanização é a de Artes Plásticas, dirigida pela arte-terapeuta Marly Bittencourt. Cerca de 15 pacientes aceitam participar das aulas de artes plásticas oferecidas pela oficina de Artes Plásticas. Numa série de telas pintadas pelo mesmo paciente se verifica a arte atormentada expressa pelo doente em recuperação, com desenhos de monstros e rostos deformados e, mais tarde, a calma que parece ser demonstrada quando ele resolve pintar, numa grande tela, observam-se traços mais leves, com muitas cores, com paisagens, numa observação de que surgiu uma solução para a vida deles.
Redação SES/MT