Consumidores pobres sofrem mais com alta no preço dos alimentos, explica economista

A alta dos combustíveis não atinge só os preços dos alimentos, e o prejuizo é maior ocorre entre os mais pobres. Quem afirma é a professora Aniele Carrara, doutora em economia aplicada e docente do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR).
Aniela estuda o assunto há muito tempo e diz que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia (uma das maiores exportadoras de petróleo no mundo) agravou um problema que já afetava o país anteriormente, desde a adoção pela Petrobras da política de paridade com os preços internacionais.
“Mesmo com uma taxa de câmbio num patamar menor que no ano passado, temos um mercado internacional que acaba impactando o país. Já víamos o efeito disso no preço do gás de cozinha e outros produtos. Mas, com as incertezas causadas pela guerra, houve um agravamento afetando fortemente nos alimentos, muito por conta da elevação do preço do frete”, disse ela.
Conforme a pesquisadora a economia do país é muito dependente dos derivados do petróleo, em especial a gasolina e o óleo diesel, o que afeta todos os elos da cadeia produtiva. Porém quem mais sofre é o consumidor.
“Os produtores e os elos iniciais da cadeia vão repassando os custos. O combustível fica mais caro, o frete também e isso vai sendo repassado até chegar ao bolso do consumidor. E se formos observar por extratos de renda verificamos que os que possuem renda mais baixa são os mais afetados, porque eles gastam com a alimentação e com habitação boa parte do que ganham”, diz ela.
A expectativa para o futuro, segundo a pesquisadora, é incerta.
“Enquanto não houver perspectiva de resolução desse conflito internacional, a preocupação em relação ao preço do petróleo se manterá e a instabilidade continuará pressionando os preços dos combustíveis. Para os próximos meses a perspectiva é de que os preços continuem elevados”, disse ela, ressaltando que as questões climáticas também podem piorar o quadro geral.
Eduardo Ramos – Da Redação