ECONOMIA

Venda de marmitas cresce e faz sucesso em Rondonópolis

Duas pesquisas divulgadas na última semana mostram que a crise econômica está mudando os hábitos alimentares de milhões de brasileiros. Mas o que é problema para muitos, também representa oportunidades. Em Rondonópolis já tem gente ganhando dinheiro e gerando empregos com a venda de marmitas.

A primeira pesquisa, feita pelo Instituto Cidades Sustentáveis, mostra que 45% dos brasileiros entrevistados precisaram fazer algum bico para compor a renda nos últimos 12 meses. A outra, realizada pela Sodexo, mostra que 65% dos trabalhadores trocaram o almoço em casa ou em restaurantes pelas marmitas.

Os dados foram captados em todo o país e são confirmados no dia-a-dia dos rondonopolitanos. No último ano aumentou o número de pequenos empreendedores que encontraram neste setor um meio de fugir das estatísticas negativas.

Praticamente todos os bairros têm algum estabelecimento do tipo, mas os mais promissores estão localizados na região central, como o ‘Restaurante e Marmitaria 13 de Maio’ e o ‘Delícias da Rê’ – este último aberto em abril do ano passado por Renata Correia Inácio, que conversou com nossa reportagem.

Renata tem 44 anos e conta que atuava no setor de alimentos há cerca de 20 anos, mas havia trocado de atividade. Ela tinha uma empresa e dava aulas em um curso técnico, quando viu seu mundo desmoronando com a chegada da Covid-19.

“Na pandemia cortou tudo e a renda caiu muito. Percebi que independente da situação ninguém deixa de comer. Decidi voltar a fazer comida, consegui me estabilizar e desde então o negócio só vem crescendo”, comemora.

O movimento chegou a cair no final do ano passado, provavelmente devido ao período de férias e festas. Mas voltou a crescer em 2022 e já acumula um aumento de quase 40% nos últimos meses.

Parte da explicação está na crise financeira, que encareceu o preço do transporte e também das refeições nos restaurantes tradicionais. Vendendo marmitas que custam entre R$ 12 e R$ 18 reais, o setor atrai uma clientela formada majoritariamente por pessoas que trabalham e optam por receber as marmitas na própria empresa.

“Se a pessoa for almoçar em casa vai gastar quase isso só com o transporte, e ainda terá o custo de preparar os alimentos em casa”, explica Renata.

Mas, junto à economia, os novos empreendedores destacam um outro atrativo: a qualidade. Preparadas em cozinhas menores e de forma artesanal, as marmitas trazem alimentos saudáveis e um sabor difícil de encontrar nos grandes restaurantes.

“Mesmo quem pode pagar não quer uma comida industrial. Preferem comer com a gente, porque oferecemos alimentos de boa qualidade, preparados sem uso de conservantes e com toda a segurança”, ressalta.

Quando começou Renata tinha apenas o apoio do marido. Hoje já conta com duas ajudantes e faz planos de ampliação. Como ela, os demais empreendedores do ramo da marmitaria em Rondonópolis apostam que o hábito criado pela crise tem tudo para se tornar uma tradição, mesmo após a retomada do crescimento econômico.

 

Eduardo Ramos – Da Redação

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