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domingo, novembro 24, 2024

Campanha da Fraternidade: CNBB alerta contra indiferença e violência

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciou, ontem Quarta-Feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade de 2020, tendo por tema Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso.

 

De acordo com o secretário -geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, a campanha será voltada a chamar a atenção contra atitudes de indiferença e violência em relação à vida.

 

"E, se queremos defender a vida, precisamos defender o diálogo e a democracia. Não podemos abrir mão da vida e, como consequência, da democracia, que depende do equilíbrio sadio dos Três Poderes", disse ontem (26) dom Joel no lançamento da campanha.

 

O lema da campanha neste ano tem como referência as atitudes do Bom Samaritano, resumidas na frase "viu, sentiu compaixão e cuidou", explicou o bispo.

 

A parábola conta a história de um viajante samaritano que teve compaixão e cuidou de um homem que havia sido assaltado momentos antes.

 

Dom Joel lembrou que esta é a 56ª Campanha da Fraternidade realizada pela CNBB. "Desta vez não abordamos situação específica como nas [campanhas] anteriores, mas olhamos para um fato abrangente, de inúmeras situações, onde a vida se encontra agredida", disse.

 

"O fato é que a campanha deste ano nos alerta para duas atitudes: a primeira, a atitude da indiferença, marca de quem se preocupa somente com o próprio bem-estar. A segunda é decorrente da descrença em outras soluções [para problemas relacionados à violência], e passar a acreditar que a morte é vencida pela própria morte, e acaba pregando o enfrentamento da violência e da morte pela violência e pela morte", acrescentou.

 

Ao enumerar os motivos que levaram à definição da atual campanha, o secretário-geral da CNBB destacou que, além da violência ostensiva, estão crescendo a pobreza, a devastação ecológica, a agressividade como solução dos conflitos, o individualismo como critério de realização pessoal e, "como insiste o papa Francisco desde o início de seu pontificado, a indiferença diante dos sofrimentos alheios".

 

"Olhando para esse conjunto de situações, a campanha deste ano nos pergunta se as agressões à vida não estão se incorporando à paisagem cotidiana, e se não estamos nos tornando acostumados com a morte em suas diversas formas.

 

Ou, mais do que acostumados, se não estamos passando a acreditar que a morte seja a solução para muitos dos problemas que enfrentamos."

 

Dom Joel citou a morte nas ruas, por bala perdida; a morte nas macas e nas portarias dos hospitais; além da morte por causa da fome, do desemprego e da ausência de moradia, da morte diante da inexistência de educação para todos e de ressocialização para quem errou.

 

"Morte nos campos, morte nas aldeias indígenas; morte entre os jovens, que têm hoje índices de suicídios altíssimos", completou.

 

De acordo com o bispo, o pecado e a desumanização independem dos motivos pelos quais passa-se direto diante de quem sofre.

 

"O simples fato de você passar adiante, cuidando da sua própria vida, já é pecado; já é desumanização. Não há motivo que justifique isso", afirmou dom Joel, pedindo que se cuide do próximo como de si mesmo.

 

'Nem a fragilidade pessoal pode nos isentar do cuidado e da solidariedade como critérios para a vida."

 

O secretário-geral da CNBB destacou também o papel da democracia como instrumento em favor da vida e disse que os políticos precisam ter mais responsabilidade com ela.

 

Irmã Dulce

Dom Joel ressaltou que irmã Dulce, a primeira santa brasileira, reconhecida por suas obras de caridade e de assistência a pobres e necessitados na Bahia, foi utra inspiração para a Campanha da Fraternidade deste ano.

 

Sobrinha da Santa Dulce dos Pobres e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce na Bahia, Maria Rita Pontes disse que o Brasil precisa de exemplos como o de sua tia.

 

"O tema deste ano é muito próximo da vida de Irmã Dulce, que desde os 6 anos pedia aos pais alimentos para dar aos pobres. Este é o exemplo que ela nos deixa.

 

Sentiu compaixão e cuidou com amor. É o que a gente precisa fazer hoje por tantas pessoas ao nosso redor", afirmou Maria Rita.

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