A falta de um plano de governo dos candidatos à Presidência da República e a falta de infraestrutura de logística de transportes, o maior gargalo para o aumento da produção brasileira de soja e demais grãos, foram os temas centrais do Fórum Canal Rural, realizado na terça-feira (31.08) em parceria com a Aprosoja, durante a Expointer, no município de Esteio, na região da Grande Porto Alegre. O tema do evento foi “O que esperar do próximo presidente”.
“O setor não tem o que esperar do próximo presidente, porque a agricultura ainda é vista, infelizmente, como um problema e não como uma solução como o mundo está vendo”, afirma o economista e consultor Paulo Rabello de Castro, ao apresentar dados da RC Consultores, que projeta crescimento para a economia brasileira de 3,7% em 2011 ante uma alta média de 1,7% nos países desenvolvidos.
Rabello também deu alguns sinais para chamar a atenção ao afirmar que o “produtor deve ficar com a pulga atrás da orelha” (sic), ao mostrar gráficos aonde o preço da soja vem reagindo após a recessão iniciada no segundo semestre de 2008, nos Estados Unidos. “Existe muita especulação ainda em curso de investidores no setor, que vai sustentar o plantio da próxima safra. Mas até quando?”. Ele remete ao fato de os bancos norte-americanos e europeus ‘meio-quebrados’ não estarem realizando empréstimos mesmo estando com os caixas cheios após receberem injeções de recursos dos bancos centrais.
Para Rabello, é preciso listar o Custo Brasil, que obviamente tem no topo o custo com infraestrutura de logística de transporte. É nessa frente de trabalho que vem trabalhando a Aprosoja.
“Se para os próximos 10 anos os organismos internacionais prevêem um aumento da demanda de 100 milhões de toneladas de soja, das quais a maior parte sairá do Brasil, o governo tem que agir prioritariamente e com rapidez nos projetos de transporte para tornar o país competitivo e permitir que o produtor obtenha renda na atividade”, afirma o presidente da Aprosoja Glauber Silveira da Silva.
O trem-bala que está sendo projetado para estabelecer uma ponte ferroviária entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo tem um valor estimado em R$ 35 bilhões. Esse valor, afirma Glauber, daria para resolver grande parte dos problemas logísticos do país. “Poderiam ser construídos, por exemplo, 8,5 mil km de ferrovias”, acrescenta.
O consultor de Logística e Infraestrutura da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Luiz Antônio Fayet, afirma que na safra 2009/2010 cerca de 3 milhões de toneladas de soja deixaram de ser produzidas no Brasil por falta da infraestrutura de logística adequada. “Para cada 5 hectares a serem destinados à produção de alimentos, 1 hectare está no Brasil”.
Fonte: Ascom Aprosoja