Brasil possui 591 casos confirmados da nova gripe, diz Ministério da Saúde
Neste sábado (27) foram registrados 69 novos casos.
Ministério anunciou mudança na forma de confirmação de casos.
O Ministério da Saúde informou neste sábado (27) que foram confirmados mais 69 novos casos de infecção pelo vírus Influenza A (H1N1), nos estados de São Paulo (34), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do Sul (7), Paraná (7), Minas Gerais (4), Distrito Federal (2), Santa Catarina (2), Espírito Santo (2), Pará (1), Maranhão (1) e Amazonas (1). Com os novos casos, o total de confirmados no país chega a 591.
Esse número inclui os casos informados ao Ministério da Saúde pelos três laboratórios de referência para o diagnóstico da influenza (Fundação Oswaldo Cruz/RJ, Instituto Evandro Chagas/PA e Instituto Adolf Lutz/SP) e/ou pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Para todos os casos, estão sendo realizados busca ativa e monitoramento de todas as pessoas que estabeleceram contato próximo com esses pacientes.
Do total de casos confirmados, dois pacientes do Rio Grande do Sul estão internados. A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, com apoio do Ministério da Saúde, acompanha a evolução do quadro clínico dos pacientes. Os dois casos foram infectados no exterior.
Até 25 de junho, o Ministério da Saúde acompanhava 477 casos suspeitos no país. As amostras com secreções respiratórias dos pacientes estão em análise laboratorial. Outros 782 casos foram descartados.
Casos pelo mundo
Pelo mundo, o número de casos da doença não para de crescer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou em seu boletim desta sexta-feira (26) um aumento de 3.947 casos da gripe em relação ao último registro, de quarta-feira.
Segundo a agência da ONU, na sexta-feira (26) haviam no mundo 59.814 infectados pelo vírus influenza A (H1N1) e 263 pessoas mortas em decorrência da doença, sem contar o caso brasileiro. O maior aumento de casos ocorreu no Chile, que registrou mais 871 casos em apenas dois dias.
Combate à doença
Em nota, o Ministério da Saúde detalhou as novas medidas para enfrentar a doença no Brasil. Veja os principais pontos.
Medida 1: Os estados e municípios passaram a contar com parâmetros básicos, para orientar eventuais suspensões de atividades em locais públicos ou coletivos. É o caso de creches, escolas, empresas, por exemplo. A recomendação é que se evite fechamentos desnecessários desses locais, o que poderia aumentar essa sensação de intranqüilidade entre a população. O que o ministro reiterou é que não sejam tomadas medidas sem a consulta prévia aos órgãos de vigilância sanitária e de saúde pública de cada município.
Medida 2: Houve ampliação dos cuidados para se reduzir o potencial de resistência do vírus ao tratamento e para se evitar que uma maior quantidade de pessoas desenvolva reações à medicação aplicada para os casos de Influenza A (H1N1). Isso significa uma mudança de protocolo no atendimento dos pacientes.
“A preocupação é dar medicamento nos casos clínicos onde não é necessário dar medicamento, onde o próprio organismo vai dar um andamento natural a essa doença sem nenhum tipo de risco à pessoa. Estou impedindo um contato excessivo do vírus com o medicamento e uma futura possibilidade de desenvolvimento de resistência”, observou Temporão. “A grande maioria das pessoas que estão contraindo esse vírus desenvolvem um quadro brando de doença, com recuperação sem a necessidade de tratamento medicamentoso”.
Medida 3: O processo de confirmação dos casos, em parte, também muda. Até agora, eram utilizadas amostras de material biológico individual para confirmar a doença em cada paciente. A confirmação era sempre laboratorial e individual. Agora, quando houver ocorrência de infectação comprovada laboratorialmente em alguém, as pessoas com vínculo epidemiológico com aquele paciente, em uma mesma instituição – como escolas, creches e empresas –, e que apresentem sintomas do Influenza A (H1N1), passam a consideradas infectadas. O vínculo epidemiológico, então, tornar-se suficiente para a confirmação.
Até então, as confirmações laboratoriais ocorriam na Fundação Oswaldo Cruz (RJ), no Instituto Evandro Chagas (PA) e no Instituto Adolfo Lutz (SP). O ministro Temporão ainda anunciou que outros três laboratórios do país passarão a fazer a confirmação da doença. Essa medida deve-se ao aumento da demanda aos laboratórios de referência para o Influenza A (H1N1). Apesar desse crescimento, há kits suficientes para os diagnósticos.
G1-
Casa-grande & cozinha
José Sarney está certo. Ninguém é eleito presidente do Senado “para ficar submetido a cuidar da despensa ou limpar as lixeiras da cozinha da Casa”. O problema é que quem cuidou da despensa nos últimos 14 anos foi seu afilhado, Agaciel Maia, nomeado diretor-geral do Senado em 1995. A faxina na cozinha da casa-grande revela ao país o que já se sabia: como a figura do patriarca, que distribui benesses a amigos, serviçais e parentes, se impõe na grande política brasileira.
Casa-grande & senzala, do escritor Gilberto Freyre, foi publicado em 1933, quando José Ribamar Ferreira de Araújo Costa tinha apenas 3 anos. Nascido em Pinheiro, no Maranhão, só em 1965 adotou legalmente o nome de Sarney – primeiro nome de seu pai. Tinha 35 anos e já era deputado federal, conhecido como “Zé do Sarney”, ou José, filho de Sarney.
No clássico de Gilberto Freyre, o patriarcalismo é um dos motes centrais. O patriarca era considerado o dono de tudo o que estivesse em sua terra. Escravos, parentes, filhos, mulher. A casa-grande de Freyre era o cenário arquitetônico que explicaria a organização social e política do Brasil. E o patriarca, o senhor a quem todos deviam favores e cuja mão beijavam.
José Sarney está certo. Existe uma campanha midiática contra ele. Não há dia em que o senador não seja citado na cobertura dos lixos que transbordam no Senado. Mestre em articulação, Sarney sabe que só está na ribalta porque quis presidir a casa-grande pela terceira vez. Jogou nos bastidores para derrotar o candidato do PT. Não queria nem concorrência – achava que tinha de ser eleito por unanimidade. Abriu mão da confortável posição de eminência parda de Lula para, como senador pelo Amapá, se aposentar com chave de ouro. Não se sabe que acrobacias lhe restam para escapar à renúncia, pressionado pelos mesmos senadores que o elegeram. O jogo político é ingrato, e o ex-presidente do Brasil, que um dia apoiou a ditadura militar e noutro dia foi o guardião da transição democrática, está consciente. Assistiu a muitas quedas de amigos.
Sarney não previa que seria crucificado só por fazer tudo o que todo mundo sabe que sempre fez. O Maranhão, que começou a governar em 1966, está em 26º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano. É o segundo pior Estado na tabela do IDH, só perde para Alagoas. Mesmo assim, Sarney acumulou fortuna, poder e influência.
A sujeira da cozinha do Senado invade os salões de estar.
Não se sabe que acrobacias restam a Sarney
O presidente Lula se queimou ao tentar blindar Sarney como um “incomum”, acima do bem e do mal. Mudou o tom na semana passada. A sujeira da cozinha invade os salões de estar e obriga políticos com discursos prontos a tropeçar nas vírgulas. Lula passou a dizer que Sarney lhe prometera investigar as denúncias. “Só espero que haja apuração”, disse Lula.
Sarney não pode chefiar investigações. Porque muitas denúncias são contra ele e seu afilhado alagoano, Renan Calheiros, ressuscitado com honras e o olhar de sonso. Em duas gestões, Sarney e Renan criaram 174 novos cargos no Senado. O maior promotor de atos secretos da casa-grande, Agaciel Maia, foi afastado (por 90 dias), mas contou com Sarney como padrinho de casamento de sua filha há duas semanas.
Sarney tem 120 funcionários a sua disposição no Senado. A viúva de um ex-motorista seu, nomeada por ato secreto, mora há quatro anos em imóvel restrito a senador – para servir café em meio expediente, recebe R$ 2.313 por mês. Um neto opera, com autorização de seis bancos, esquema de empréstimos consignados para servidores do Senado. Outro neto foi nomeado para um gabinete e exonerado por ato secreto. Um empregado doméstico da filha Roseana em Brasília é contratado pelo Senado como chofer e ganha R$ 12 mil. O apelido dele é “Secreta”. Há 23 anos, ato secreto efetivou Roseana como funcionária do Senado.
Não adianta só culpar Sarney. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que a renúncia de Sarney seria “um ato de grandeza”. Saciada, a opinião pública faria as pazes com o Senado? Entre os 663 atos secretos, uma cozinha de apartamento funcional foi reformada por R$ 100 mil. A senzala ainda tem muito a revelar sobre a casa-grande.
RUTH DE AQUINO (G1)