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sexta-feira, fevereiro 28, 2025

Brasil assume presidência do BRICS e propõe agenda global para governança e desenvolvimento sustentável

O Brasil realizou nesta quarta-feira (26), em Brasília, a primeira reunião de Sherpas do BRICS sob sua presidência. O encontro contou com a participação dos 11 países-membros e parceiros do bloco, incluindo a Indonésia, que passou a integrar formalmente o grupo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a reunião dando as boas-vindas aos representantes e destacou a importância do BRICS no atual cenário global. Lula enfatizou que esta é a primeira vez que o bloco se reúne no Brasil em seu novo formato e ressaltou a responsabilidade histórica do grupo em buscar soluções equilibradas para crises globais. Ele afirmou que o BRICS continuará desempenhando um papel essencial para a Agenda 2030 da ONU, o Acordo de Paris sobre o clima e o Pacto para o Futuro.

Entre os seis eixos prioritários estabelecidos pela presidência brasileira, Lula destacou a necessidade urgente de reformar a arquitetura multilateral de paz e segurança. Ele criticou o unilateralismo e afirmou que negociar com base na “lei do mais forte” gera instabilidade e guerra. O presidente lembrou que Brasil e China criaram o Grupo de Amigos da Paz para buscar soluções diplomáticas para o conflito na Ucrânia e destacou a preocupação do Brasil com a crise humanitária em Gaza.

A cooperação em saúde foi apontada como uma das maiores urgências do Sul Global. Lula alertou que doenças como tuberculose, malária e dengue ameaçam 1,7 bilhão de pessoas no mundo, muitas delas em países emergentes. Diante disso, ele anunciou que o Brasil pretende lançar uma parceria para a eliminação de doenças negligenciadas. O presidente criticou a falta de consenso internacional para um tratado sobre pandemias, mesmo após os impactos da Covid-19 e da varíola dos macacos (mpox). Ele reforçou que enfraquecer a Organização Mundial da Saúde (OMS) pode ter consequências graves para a segurança sanitária global.

Na economia, Lula relembrou que o BRICS foi criado como uma alternativa à dominância das instituições financeiras tradicionais e elogiou os 10 anos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Ele destacou que o banco já investiu mais de US$ 33 bilhões em projetos de desenvolvimento sustentável no Sul Global. O presidente também mencionou a importância de ampliar plataformas de pagamento alternativas, para reduzir custos e tornar os países emergentes menos vulneráveis às flutuações do dólar.

A crise climática também foi abordada com urgência. Lula alertou que 2024 foi o ano mais quente da história, com temperaturas globais ultrapassando 1°C acima dos níveis pré-industriais. O presidente destacou que enchentes, secas e incêndios drenaram mais de US$ 2 trilhões da economia global na última década, além de resultarem em milhares de mortes. Ele defendeu que o BRICS tenha um papel central na COP-30, que será realizada em Belém, no Brasil, e afirmou que crescimento econômico e justiça ambiental devem caminhar juntos.

Outro tema estratégico abordado foi a governança da inteligência artificial (IA). Lula enfatizou que essa tecnologia não pode ser monopolizada por poucos países e grandes corporações, alertando para os riscos de desinformação e desestabilização. O presidente defendeu que os BRICS assumam a liderança na construção de uma regulamentação global justa para a IA, garantindo que seu desenvolvimento beneficie toda a sociedade e não apenas interesses privados.

Para fortalecer a presença global do BRICS, Lula destacou que o bloco precisa aprimorar sua estrutura de governança e eficiência. Ele reforçou a necessidade de dar mais peso à participação da sociedade civil, empresários, acadêmicos e sindicatos para tornar as decisões do grupo mais inclusivas e eficazes.

A reunião de Sherpas marca o início dos trabalhos da presidência brasileira do BRICS, que culminará na Cúpula de Chefes de Estado e Governo, nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. O presidente encerrou sua participação reafirmando que o Brasil trabalhará para fortalecer a cooperação do Sul Global e promover uma governança internacional mais inclusiva e sustentável.

Fonte: Da Redação

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