Benefício para caminhoneiros terá parcela dobrada, mas segundo líder não resolve problemas da categoria

Os motoristas de carga autônomos recebem hoje (9) as duas primeiras parcelas do Auxílio Caminhoneiro, benefício emergencial para repor os efeitos do aumento do diesel neste ano. Como cada parcela equivale a R$ 1 mil, cada caminhoneiro receberá R$ 2 mil neste mês. Líderes da categoria veem o benefício com parcimônia e afirmam que o valor é insuficiente para suprir as dificuldades enfrentadas pelos profissionais.
O dinheiro será depositado nas contas poupança sociais digitais e poderá ser movimentado por meio do aplicativo Caixa Tem, que permite a compra em lojas virtuais cadastradas, o pagamento de contas domésticas e a transferência para qualquer conta bancária.
Criado pela emenda constitucional que estabeleceu estado de emergência por causa da alta do preço dos combustíveis, o Auxílio Caminhoneiro será pago até dezembro. A emenda elevou benefícios sociais e instituiu auxílios emergenciais até o fim do ano.
O executivo da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Marlon Maues, afirma que a categoria reivindica mudanças mais profundas para assegurar a rentabilidade da atividade. Segundo ele, o benefício aprovado pelos congressistas brasileiro não cobre nem as despesas básicas – como a aquisição de combustíveis ou pneus.
"Se você considerar um caminhão que tem 14 anos, a idade média dos veículos dos trabalhadores autônomos, ele tem um tanque médio de 400 litros. Considerando o consumo médio de 1,5 km/l, ele vai gastar quase R$ 3 mil. O auxílio é quase insignificante para a questão técnica", lamenta Marlon, que acrescenta que outros componentes também são caros, exemplo dos pneus, que custam cerca de R$ 2 mil – justamente o valor dobrado do auxílio de agosto.
O líder dos caminhoneiros explica que os modelos mais novos, que são minoria, são capazes de rodar um pouco mais de quilômetros por litro, mas nada que ultrapasse muito cerca de 2 km/l. Para ele, o benefício tem pretensões políticas e não resolverá os dilemas do setor.
"O auxílio veio como um afago, mas o que precisamos é de mudanças estruturais para equilibrar novamente essa relação de contratante e contratado, algo que seja perceptível no dia a dia da estrada, e não de diversos programas criados para "marketizar" uma ação específica junto ao público caminhoneiro", pontua Marlon.
ALCANCE
Terão direito ao benefício os transportadores de carga autônomos cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTR-C), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), até 31 de maio deste ano. Os profissionais deverão estar com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o CPF válidos, entre outras exigências.
Também chamado de Benefício Emergencial Caminhoneiro (BEm-Caminhoneiro), o auxílio será pago a cada transportador autônomo, independentemente da quantidade de veículos que tiver. O pagamento do BEm-Caminhoneiro vai ser revisado mensalmente. Para os próximos lotes de pagamento, a ANTT vai encaminhar ao Ministério do Trabalho e Previdência a relação dos transportadores autônomos de cargas que estiverem na situação “ativo” no RNTR-C.
Quem estiver com situação cadastral pendente ou suspensa poderá regularizar o registro na ANTT e receber as parcelas a partir da data da regularização. No entanto, o governo esclarece que não terá direito a parcelas que tenham sido pagas.
Da Redação (com ABR)