Natural de Cuiabá, filho do saudoso comerciante Sandoval Lira Parente e da saudosa Enezita Pedroso conhecida também por Dona Sinhara. Uma grande preocupação começou na família logo nos primeiros dias de nascimento daquele menino franzino que veio ao mundo com 7 meses e 15 dias de vida intra –uterina. Quase de imediato ao nascer teve pneumonia, e quem o visse pela primeira vez não acreditava na sobrevivência daquele pequeno bebê. Uma luta pela vida que segundo ele valeu a pena, hoje Dito Parente se sente realizado pela sua inter -relação com as pessoas no serviço público.
Jornal Folha Regional: Quais os motivos da mudança da sua família da capital mato-grossense Cuiabá para Rondonópolis?
Dito Parente: Meus pais decidiram vir para Rondonópolis que estava praticamente no começo para ajudar no desenvolvimento da cidade. Eu estava com poucos meses de vida, a família chegou nesta cidade em 1958. Contava meu pai que Rondonópolis tinha pouquíssimas casas, já existia o casario, o transporte de mercadorias e o transporte- inter estadual era feito pela travessia na balsa. Durante a minha adolescência eu cheguei a vivenciar por incontáveis vezes o que o meu pai havia me falado. Até hoje tenho fortes lembranças daquele movimento, carros e caminhões carregados de mantimentos atravessando a balsa para trazer alimentos e combustível para Rondonópolis, cidades vizinhas e Cuiabá. Um fato interessante é que nós residimos por um período em uma das casas do chamado cais do Rio Vermelho. A nossa diversão na infância era a caça de passarinhos, e a natação nas aguas limpas do Rio Arareau.
JFR: Na questão comercial de que forma seus pais se estabeleceram?
Dito Parente: O primeiro endereço do comércio familiar foi na Marechal Rondon esquina com a 13 de Maio, era uma propriedade do senhor João Domingos , pai do conhecido Dr. Idelbrando. Naquele tempo havia poucas casas de comércio de variedades e alimentos, a cidade estava começando. Depois de um tempo de atividade meu pai comprou o prédio na Marechal Rondon, onde é hoje a loja Martinelo. O comercio da nossa família foi muito famoso na cidade e na região, os mais antigos vão se lembrar chamava-se Casa Santo Antônio. Meu pai cumpriu assim o seu objetivo de apoiar a cidade de Rondonópolis no seu desenvolvimento.
JFR: A educação chegou a fazer a diferença na sua vida profissional?
Dito Parente: Comecei meus estudos no Colégio Santo Antônio, fiz o ginásio na Escola La Salle, posteriormente fui estudar em Alto Araguaia e fiz o Técnico em Contabilidade na capital Cuiabá. Eu sempre tive vocação para liderança e prestei minha colaboração para muitas autoridades que passaram por esta cidade. Trabalhei durante 34 anos com o Dr. Walter Ulisséia, atuei também na Assembleia Legislativa com Moisés Feltrin, trabalhei com o velho Ananias Martins de Souza e com o Ananias Filho. A educação de certa forma fez a diferença em minha vida, meu pai queria que eu estudasse fosse um doutor , um médico ou advogado. Ele ficou muito triste comigo quando eu cheguei de Cuiabá depois de ter feito o curso Técnico em Contabilidade, eu disse à ele: “Pai eu não vou mais estudar.” Bateu o arrependimento, eu fiquei indeciso depois tudo ficou bem.
JFR: Como era a convivência entre as lideranças da cidade na década de 60?
Dito Parente: Nós tínhamos uma amizade de irmãos, um frequentava a casa do outro, cito como exemplo a família do senhor Afro Stefanini, do senhor Daniel Martins de Moura, do Rosalvo Faria e João Baiano tinham uma grande amizade. Eu guardo em minha mente cenas de infância, momento em que em Rondonópolis se contava o número de moradores e das casas construídas. Eu brincava em todas as casas com muitas crianças que hoje são grandes autoridades. Meu pai tinha um rádio que era considerado grande naquela época, que ficava meio fora da loja ligado o dia inteiro, e ali as pessoas se sentavam ao redor das pequenas mesas para ouvir música e ouvir as notícias das grandes cidades. Onde ali passavam horas e ao mesmo tempo conversavam, tomavam chá e café e colocavam a conversa em dia. As noite s eram iluminadas, as vezes pela luz da lua, e outras vezes pela luz amarelada das lamparinas a querosene que eram acesas por toda a vizinhança. Era um tempo de intensa felicidade entre crianças, adultos e idosos.
JFR: Qual a importância social da família no processo comportamental do dia a dia?
Dito Parente: A família tradicional dificilmente será totalmente substituída por outro tipo de sociedade, apesar de hoje vermos as questões das diferenças, nós respeitamos. Mas é preciso acreditar na união, no amor, na harmonia e na paz, espero que cada um de o melhor de si em favor do próximo. Agradeço o apoio da minha esposa Maria Helena Gonçalves, aos meus filhos Victor Gonçalves Parente e Renata, temos também duas lindas netas Betina e Luiza. Tenho dois irmãos por parte de pai Idelfonso Parente e Raimundo.
JFR: Você se lembra em que momento a cidade de Rondonópolis teve um impulso para o seu subsequente desenvolvimento?
Dito Parente: Eu era bem jovem , eu presenciei algumas ações do então prefeito Hélio Garcia que colocou os primeiros paralelepípedos nas ruas centrais da cidade e também na Vila Operária. Na minha opinião aquele momentos marcou aquilo que seria futuramente um grande impulso para o desenvolvimento da cidade.
JFR: Qual é a sua avaliação sobre os gestores políticos no cargo de executivo em Rondonópolis?
Dito Parente: Todos os prefeitos de Rondonópolis deixaram a sua contribuição de alguma forma, eu agradeço a todos com quem trabalhei, e em especial o meu eterno agradecimento a memória do Dr. Walter de Souza Ulisséia por ter me dado a primeira oportunidade de entrar para a função pública e adquirir conhecimento e experiência.
JFR: E para finalizar, como você vê o quadro político no estado e na federação neste ano de eleições?
Dito Parente: É um momento delicado para todos os brasileiros, o quadro geral ainda não está definido, mas é preciso pensar bem, a nível de estado muitos tem trabalhado pela cidade. Muitos procuram uma oportunidade para tentar fazer algo agora e influenciar o eleitor, penso que os rondonopolitanos estarão mais perto daqueles que sempre fizeram pelo estado e pelo município. Muito grato por esta oportunidade.