AS VIVÊNCIAS E REPRESENTAÇÕES DO FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 

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A brincadeira de faz de conta promove para a criança um momento único de desenvolvimento, no qual ela exercita em sua imaginação, a capacidade de planejar e de criar situações lúdicas. Por meio da brincadeira a criança consegue comunicar-se com o mundo do adulto, no qual adquire controle interior, autoestima e confiança em si mesma, levando-a a agir de maneira mais ativa para que vivencie experiências de tomada de decisões, como por exemplo, comer sozinho , vestir-se, fazer amigos, entre outros. O brincar de faz de conta permite à criança a construção do mundo real, pois brincando ela trabalha com as representações sociais, vivenciadas em seu cotidiano, podendo assim, compreendê-las melhor. Para Vygotsky (1984), o indivíduo não é apenas um produto do seu meio, mas um sujeito ativo que interfere neste meio. Para ele, é muito importante no desenvolvimento da criança, a interação da mesma com o meio social que ela vive. O desenvolvimento depende do entrosamento da criança com a cultura produzida pelos indivíduos ao longo da história. É nesta interação com a cultura, que ela desenvolve funções psicológicas tipicamente humanas. Vygotsky, também ao discutir sobre o papel do brinquedo, refere-se precisamente à brincadeira de "faz-de-conta", como brincar de casinha, de escolinha ou com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Mesmo fazendo referência a outros tipos de brinquedo, a brincadeira de "faz de conta" é privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento. Nota-se que as crianças evoluem por intermédio de suas próprias brincadeiras e das invenções das brincadeiras feitas por outras crianças e adultos. Com isso, ampliam-se gradualmente sua capacidade de visualizar a riqueza do mundo externamente real, e, no plano simbólico procuram entender o mundo dos adultos, pois ainda que com conteúdo diferentes, estas brincadeiras, possuem uma característica comum: a atividade do homem e suas relações sociais e de trabalho. As crianças então desenvolvem a linguagem e a narrativa e nesse processo vão adquirindo uma melhor compreensão de si própria e do outro, pela contraposição com coisas e pessoas que fazem parte de seu meio, e, que são, portanto, culturalmente definidas também. Quando a criança reproduz o comportamento social do adulto em seus jogos, está combinando situações reais com elementos de sua ação fantasiosa e esta fantasia surge da necessidade da criança em reproduzir o cotidiano da vida do adulto da qual ela ainda não pode participar ativamente. Percebe-se que a construção do real parte do social, ou seja, da interação com os outros, sendo que quando a criança imita o adulto e é orientada por ele, e paulatinamente é internalizada pela criança. Ela começa com uma situação imaginária, que é uma reprodução da situação real, sendo que a brincadeira é muito mais a lembrança de alguma coisa que de fato aconteceu, do que uma situação imaginária totalmente nova. Vygotsky ainda coloca que o comportamento das crianças em situações do dia a dia é, em relação aos seus fundamentos, o contrário daquele apresentado nas situações de brincadeira. Com isso, a brincadeira cria zona de desenvolvimento proximal da criança que nela se comporta além do comportamento habitual para sua idade, o que vem criar uma estrutura básica para as mudanças da necessidade e da consciência, originando um novo tipo de atitude em relação ao real. Pela brincadeira, tem-se a ação na esfera imaginativa numa situação de faz-de-conta, como a criação das intenções voluntárias e as formações dos planos da vida real, constituindo-se assim, no mais alto nível do desenvolvimento pré-escolar.

Professoras da Rede Municipal de Educação de Rondonópolis

Daiane Cristina da Silva
Vânia Silveira de Souza