Guedes e Bolsonaro pedem que supermercados reduzam lucro; empresários querem isenção

Pressionados pela inflação em ano eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL e o ministro Paulo Guedes (Economia) pediram nesta quinta-feira (9) para empresários do setor de supermercados segurarem os preços da cesta básica.
O pleito foi apresentado durante evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), do qual ambos participaram virtualmente.
"O apelo que eu faço para os senhores, para toda a cadeia produtiva, é para que os produtos da cesta básica obtenham o menor lucro possível, para a gente poder dar satisfação a parte considerável da população, em especial os mais humildes", afirmou Bolsonaro.
O chefe do Executivo ainda disse que "em momentos difíceis, entendo que todos nós temos de colaborar".
"Sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais. Vocês já têm colaborado nesse sentido, mas colaborem um pouco mais na margem de lucros dos produtos da cesta básica", disse. "Se for atendido, agradeço muito; se não for, é porque não é possível", afirmou.
Já Guedes reforçou o apelo ao pedir uma trégua nos valores. "Agora é hora de dar um freio nessa alta de preços, é voluntário, é pelo bem do Brasil", afirmou o ministro.
"Da mesma forma que os governadores têm de colocar a mão no bolso e ajudar o Brasil, o empresariado brasileiro tem de entender o seguinte: devagar agora um pouco, pois temos de quebrar essa cadeia inflacionária", disse Guedes.
“Já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados para ver se a gente … não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum. (…) Então estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”, ressaltou.
PEDIDO ABSURDO
Em resposta aos apelos de Bolsonaro e Guedes a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) que propôs ao governo a isenção de impostos dos produtos da cesta básica e a desoneração da folha de pagamentos.
No Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Abras nesta quinta, o presidente da associação, João Galassi, solicitou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a inclusão do ICMS sobre a cesta básica no texto que trata da redução do tributo sobre combustíveis.
A representante de mais de 50 varejistas do país diz que irá a repassar ao consumidor qualquer redução que houver na cadeia produtiva.
Já o coordenador de IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), André Braz, disse que pedido feito aos donos de supermercados é absurdo e incompatível para um chefe de estado.
"Todo supermercado vive pelas leis de mercado, da oferta e da procura. Ele é um revendedor, praticamente não fabrica nada. Se compra uma mercadoria mais cara, por culpa de outros fatores que não têm a ver com o lucro dele, ele também não pode vender mais barato do que ele compra", diz Braz.
"O supermercado também é responsável pela geração de empregos e renda. E um negócios desses não funciona comprando caro e vendendo barato", afirma o economista.
Da Redação (com informações do UOL)