A ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, deixou governo nesta quinta-feira (16) após denúncias de práticas de lobby e suborno no Palácio do Planalto, supostamente feitas pelo filho dela, Israel Guerra. Erenice é ex-braço-direito da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e sua situação ficou insustentável depois de reportagens da revista Veja e da Folha de S. Paulo e de uma nota distribuída por ela, com timbre do governo, fazendo ataques ao candidato do PSDB, José Serra.
Na manhã de hoje, a ministra se reuniu com o presidente Lula e seus assessores no gabinete. O porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, fez um pronunciamento em que leu a carta de demissão de Erenice, dirigida da Lula, na qual ela se disse vítima de uma “campanha de desqualificação”, que atingiu minha família.
“Solicito em caráter irrevogável que aceite meu pedido de demissão”, informa a carta de Erenice. Baumbach informou que, interinamente, assume o cargo o secretário-executivo da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima. Até semana que vem, será escolhido o ocupante permanente do cargo.
Na carta, Erenice diz que precisa de tempo para se defender das acusações. E que isso é incompatível com as atividades que exerce na Casa Civil.
Correios
Em entrevista a Veja, o consultor Fábio Baracat afirmou que teve reuniões com Erenice em 2009, quando Dilma ainda era ministra, e este ano para tratar da renovação da concessão da empresa Master Top Airlines, que presta serviços aos Correios. Ele afirmou que o filho dela, cobrava propina, para garantir a concretização do negócio. Dias depois, Baracat negou tratar de assuntos políticos com Erenice, mas a revista disse ter as declarações gravadas.
Em repúdio ao noticiário, Erenice divulgou nota do governo criticando a narrativa dos fatos. Na nota, com timbre do Palácio do Planalto, a ministra faz referência a Serra como um candidato “já derrotado” e “aético”.
“Chamo a atenção do Brasil para a impressionante e indisfarçável campanha de difamação que se inicia contra minha pessoa, minha vida e minha família, sem nada poupar, apenas em favor de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um fato novo que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado.”
Hoje, a Folha de S.Paulo publicou reportagem em que um consultor e os sócios da empresa EDRB dizem que obtiveram uma reunião com Erenice intermediada pelo filho, para obterem um empréstimo de R$ 9 bilhões no BNDES. Para isso, teriam que pagar R$ 240 mil ao filho da ministra e mais 5% do valor do empréstimo.
Fonte: Congresso em foco