Apontando caminhos

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A agricultura dos trópicos é um dos fatos mais relevantes para a segurança alimentar mundial, na perspectiva de um futuro próximo. Será do mundo tropical que sairão os alimentos básicos para abastecer o crescimento populacional do planeta. Os países tropicais já representam cerca de 40% do valor das exportações mundiais de alimentos e o papel da região no abastecimento do planeta é inegável. Só o Brasil exporta para mais de 170 países e alimenta mais de 770 milhões de pessoas, cerca de 10% da população mundial, segundo artigo¹ de Elísio Contini e Adalberto Aragão, pesquisador sênior e analista da Embrapa, respectivamente.

Agora em março, de 22 a 26, acontece a I Semana Internacional de Agricultura Tropical – AgriTrop, promovida pela Embrapa e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O evento (http://www.embrapa.br/agritrop21) reunirá especialistas do Brasil e de outros países tropicais da América Latina, África e Ásia; entre eles a Índia, país com uma população gigante, cerca de 1,4 bilhão. Será um olhar sobre o que está acontecendo na agricultura tropical, o que há de mais novo, moderno e sustentável no setor.

O enfoque prioritário será analisar os pontos fortes, maiores desafios e estratégias de melhoria, tudo discutido por gente de reputação em ciência e tecnologia agrícola, governança de cadeias produtivas e relações internacionais. A proposta é construir consensos para produzir mais e melhor, no campo e nas cadeias produtivas. E tudo de olho no segundo semestre, reunindo subsídios técnicos para a Cúpula Mundial de Sistemas Alimentares das Nações Unidas, que ocorre em setembro de 2021, com o objetivo de tornar os sistemas alimentares mais sustentáveis e igualitários, colocando-os na direção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU.

Por que tudo isso é importante para o Brasil? Primeiro, para estabelecer entendimentos sobre novos caminhos para a segurança alimentar e a sustentabilidade no agro, levando um pensamento consistente do agro brasileiro e latino-americano para a Cúpula das Nações Unidas sobre alimentação. A agropecuária tropical foi a que mais avançou na produção de alimentos básicos, tornando-se um fiel da balança para a segurança alimentar mundial. E, para fortalecer ainda mais a sua liderança nessa nova realidade, o Brasil poderá levar à Cúpula proposições de vanguarda para a produção sustentável de alimentos.

Nosso país tem história e currículo para tanto, pois começou lá atrás com a Revolução Agrícola Tropical Sustentável de Alysson Paolinelli, anos 1970, que inclusive será homenageado no evento AgriTrop por sua indicação para o Prêmio Nobel da Paz 2021. O Brasil pode compartilhar essa longa experiência com o restante do mundo tropical. Agnes Kalibata, enviada especial da ONU ao Brasil, assim resumiu em janeiro último: “A Cúpula só terá efetividade em apontar caminhos, (…) se nós potencializarmos com sucesso o conhecimento e a experiência coletiva da maneira mais ampla possível, em diversos setores”. Em outras palavras: integração, consenso e cooperação. Multilateral.