EDUCAÇÃO

Copa e Olimpíada projetam 'boom' de cursos de inglês no país

Ainda faltam mais de quatro anos para a Copa do Mundo no Brasil e sete para as Olimpíadas no Rio de Janeiro, mas as escolas de inglês por todo o país já se preparam para receber mais alunos que pretendem se capacitar para fazer negócios ou oferecer serviços de olho nos eventos esportivos.
Os estabelecimentos particulares já começaram a pré-seleção de funcionários, criaram cursos especiais e alteraram o conteúdo das aulas. Enquanto isso, o poder público também traça estratégias para qualificar os trabalhadores que vão atender os turistas tanto na Copa quanto nas Olimpíadas. O governo federal, por exemplo, lançou o programa "Alô Turista" com cursos gratuitos on-line de inglês e espanhol.
A escola Wizard espera um aumento de demanda para o próximo ano, de acordo com o diretor de marketing, Roberto Massinelli Jr. “Para ser bem realista, falamos de algo em torno de 10% a 30% de aumento no número de matrículas”, afirmou. “E isso já está acontecendo. As matrículas para o ano que vem começam agora em outubro e novembro”, diz Massinelli.
Para atender essa demanda, a rede vai lançar um novo produto em sua grade, a “Wizard University” – que, apesar do nome, não é uma universidade, mas um novo curso. Em vez dos seis anos que leva atualmente, o aluno da Wizard vai demorar quatro para completar seus estudos. Depois, se quiser, há dois anos de complementação. “É um produto que pensamos para atender esses alunos que estão nos procurando por causa da Copa e das Olimpíadas”, afirma Massinelli.
O mesmo movimento ocorre no CNA, que espera aumentar sua base de 600 mil alunos em um terço, para 800 mil. “Nós sabemos que no ensino de idiomas não existe milagre. Não dá para aprender inglês em um mês. Vamos preparar dois tipos de ação”, explica o diretor de marketing do grupo, Leonardo Cirino. “A primeira será voltada para as pessoas que querem começar agora e estar 100% qualificado daqui cinco anos. Esse produto temos agora”, afirma.
“Depois, em um segundo momento, estamos preparando produtos chamados ‘salva-vidas’, voltados para o pessoal que a gente chama de ‘retaguarda’ do atendimento aos turistas: os taxistas, os garçons. Serão cursos de seis meses, para ensinar o básico do idioma para comunicação”, afirma Cirino.
Segundo ele, o grupo também pretende oferecer cursos especiais para a terceira idade, para aqueles que quiserem trabalhar nos jogos como guias turísticos, por exemplo.

Ações concretas
A assessora pedagógica da escola Cel Lep, Cristina Sigolo, informa que a área de propaganda já começou a contatar as empresas sobre a abertura de cursos especiais para atender a demanda de quer fazer negócios nos eventos esportivos. "A gente está preparado para um aumento da demanda", completa Cristina.
Segundo ela, a partir de 2010 serão criados cursos diferenciados, com mais aulas por semana, para preparar quem quer fazer negócios. "Eles tem que começar a preparação o quanto antes. Ainda bem que temos pelo menos quatro anos. Não acreditamos em cursinho rápido. Tem que aprender e ter um tempo para se preparar."
Cristina afirmou ainda que a mudança no conteúdo das aulas, por exemplo, já começou. "Antes abordávamos um ou outro esporte nas aulas. Já demos um alô para os professores para darem mais opções."
A Wise Up também diz já estar pronta para o aumento da demanda. "A escola está preparada para colaborar com o processo de capacitação para os dois eventos, pois temos produtos para todos os públicos, desde presidentes de empresa, altos executivos até os níveis mais operacionais. No Rio de Janeiro, temos uma boa capilaridade, com um total de 60 escolas para atender a esta demanda", afirma Flavio Augusto da Silva, presidente do Ometz Group, da qual a Wise Up faz parte.

Parcerias
E há ainda casos de parceria entre o setor público e privado. A rede Fisk, com escolas em todo país, fechou acordo com a Prefeitura de Natal, no Rio Grande do Norte, para das aulas de capacitação para quem vai trabalhar no atendimento a turistas na Copa de 2014. As aulas serão dadas em um ginásio em grupos separados por área de trabalho.
A parceria pretende ensinar inglês gratuitamente para até 50 mil pessoas até 2014. O curso será voltado para maiores de 16 anos, principalmente aqueles que trabalharão no atendimento direto aos turistas. “Vamos ensinar garçons, camareiras, motoristas de táxi”, diz o secretário da Juventude, Esporte e Lazer da capital do Rio Grande do Norte, Tertuliano Pinheiro.
De acordo com o presidente da Fisk, Christian Ambros, em todas as cidades que serão sede da Copa, a Fisk pretende ampliar suas atividades. "As escolas locais estão trabalhando para atender a demanda. (…) E a gente quer participar de tudo o que o mercado abrir de opção para ensiar o pessoal que vai trabalhar na Copa."
Ambros afirmou que a escola iniciou pré-seleção de professores e de secretários para atender a demanda que deve começar a crescer no começo do ano que vem e se intensificar após a Copa da África, que será no fim do primeiro semestre de 2010.

Apoio do governo
Segundo o presidente do Sindicato dos Cursos Livres de Idiomas do estado do Rio de Janeiro, Gerôncio de Oliveira, a oportunidade para o ensino do idioma para os brasileiros vai precisar também de parcerias com o poder público. “Precisamos esperar. Tudo vai depender de como o governo vai incentivar isso. Mas, como todo mundo, estamos otimistas”, afirma.
Cirino, do CNA, aposta que o Brasil será um “país mudado” após a Copa e os Jogos Olímpicos. “Será a primeira vez que teremos eventos no país que colocará os brasileiros em contato direto com a língua inglesa. Até agora o inglês era visto mais como uma ferramenta para ajudar na carreira. Agora ele será parte da vida de todos”, afirma.

Poder público
Além do "Alô Turista", do governo federal, que prevê participação de todas as capitais na capacitação de quem vai recepcionar os turistas, há iniciativas pontuais nas cidades.
No Rio, que vai sediar jogos da Copa de 2014 e também as Olimpíadas de 2016, a prefeitura lançou nesta terça-feira (6) um projeto para iniciar o ensino de inglês a partir dos seis anos de idade, na 1ª série do Ensino Fundamental. Antes, as crianças começavam por volta dos 11, na 6ª série.
“Vamos abrir novo concurso para professores em 30 de abril. Nossa intenção é contratar 800 novos professores. Atualmente, a rede tem 564 professores de inglês. O município tem capacidade para absorver esses quadros progressivamente”, disse Cláudia Costin, secretária de Educação da cidade.

Fonte: httpg1.globo.com/Noticias/

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