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terça-feira, novembro 26, 2024

Ainda os grampos da ABIN – Ministros não se entendem

Em depoimento prestado a comissão do Congresso Nacional, dirigente afastado diz ser normal o fato de agência ter cedido alguns de seus servidores para ajudar a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, acrescentando que essa instituição faz parte do sistema de inteligência do país
O diretor-geral afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, afirmou ontem à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) que ninguém tem provas de que a agência foi a responsável pelas gravações telefônicas que teriam sido feitas durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Entre as interceptações, estava a de uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demostenes Torres (DEM-GO).

Para Lacerda, o maior exemplo de que inexistem provas é que a própria revista Veja – responsável pela publicação da matéria com informações sobre os grampos telefônicos – não apresentou a gravação. Ele disse considerar normal o fato de a agência de inteligência ter cedido alguns de seus quadros funcionais para ajudar e apoiar a Polícia Federal na operação. Afinal de contas, observou Lacerda, todos são funcionários públicos.

– Entendo que foi uma decisão acertada da Abin apoiar a Polícia Federal, que também faz parte do sistema de inteligência do país – salientou.

O presidente da comissão mista, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), lembrou a existência de grampos ilegais em todo o país e disse que há uma "caveira de burro enterrada dentro da Abin", referindo-se às dificuldades enfrentadas pela agência.

Servidores

O diretor afastado do Departamento de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto, que também prestou depoimento, confirmou que a agência cedeu funcionários para trabalhar, por meio de escalas, na Operação Satiagraha.

Paulo Maurício acrescentou que os pedidos partiram do delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações. E declarou que a Abin cedeu equipes de funcionários, que variaram de quatro a oito pessoas, trabalhando em esquema de rodízio.

Outra autoridade a falar na comissão mista foi o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Félix. Ele isentou a Abin de qualquer participação ilegal na operação e chegou a condenar os que defendem a extinção da agência. O general aconselhou os críticos a conhecerem melhor o trabalho da Abin a fim de que seja mais bem discutido o papel da instituição dentro do Estado brasileiro
Jornal do Senado

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