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Rondonópolis
sábado, novembro 23, 2024

Ainda na velha política

O discurso da candidata a presidência da república Marina Silva (PSB) sobre a necessidade de uma nova política, isenta de brigas pelo poder e que iria unir todas as forças partidárias do Brasil entorno de um crescimento homogêneo das riquezas da nação, em certo momento chegou a inflamar a sociedade brasileira, mas acabou perdendo força e Marina não conseguiu manter os bons índices de popularidades que chegou a apresentar já na reta final da corrida eleitoral. A escolha democrática do povo brasileiro em não levar Marina para o segundo turno, porém, não significa que a maioria da população não quer ver a classe política em si mais preocupada com o país do que o fortalecimento de suas siglas, como pregava a candidata que ficou pelo caminho. Ocorre que na prática pouca coisa mudou em 2014, aliás, em Rondonópolis o que observou-se foi um retrocesso em relação a 2012, quando foi registrada na cidade uma das eleições mais organizadas e limpas de todo o território nacional. Mais uma vez a Justiça Eleitoral, por meio do juizado que responde pelas zonas 010, 045 e 046, que são os colégios eleitorais de Rondonópolis, propôs as coligações mato-grossenses o pacto ‘Cidade Limpa’, no qual consta a determinação de não jogar santinhos e outros materiais de campanhas nas ruas no dia de votação. A prática, todavia, acabou sendo o retorno do velho modo de fazer política: acúmulo de lixo eleitoral no chão, poder econômico em vantagem, natureza agredida e Rondonópolis enfeada. Quem teve de limpar a sujeira no dia seguinte foi a Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis – Coder, que teve de tirar homens de outros serviços essenciais da cidade para destinar ao recolhimento dos papéis eleitorais. O saldo foi espantoso: segundo o Gabinete de Comunicação da Prefeitura, mais de seis toneladas de lixo eleitoral foram contabilizados. O santinho jogado na rua quase parece uma maneira do candidato apresentar na prática sua ideologia que o povo realmente é fácil de se manipular. Achar que um cidadão vai dar-lhe preferência porque nos últimos passos que este der antes de chegar até a escola onde vota vai olhar para o chão e achar bonita sua foto é, no mínimo, duvidar da inteligência alheia. Muitos candidatos saíram em sua defesa dizendo que estas ações foram praticadas por seus apoiadores e cabos eleitorais, mas que não houve da parte deles uma ordem direta para que isto fosse feito. Ora, se o candidato não orientou seus próprios apoiadores que isto não deveria ser feito e os encheu de material eleitoral na última hora, era porque no fim das contas apoiou sim a ‘porcalhada’ toda, ou seria o mesmo que o cara que inventou a pólvora dizer que nunca imaginou que alguém seria capaz de matar um ser humano. Se os problemas se resumissem apenas no santinho ainda aguentaríamos, mas ainda foi possível ver a compra de votos ocorrendo debaixo das árvores, baixaria de variados gêneros, roubo de materiais visuais de alguns candidatos, claramente feito por opositores, pichações e outros vandalismos, além de muita mentira para todos os lados. Enquanto o Brasil caminha para a evolução, até mesmo referente a organização do pleito eleitoral, com rápida apuração e um sistema biométrico, que apresentou sim problemas, mas é claramente um outro avanço, candidatos continuam se comportando como políticos de 50 anos atrás e pelo jeito isto ainda vai longe. Nas urnas o resultado foi surpreendente em alguns sentidos e esperado em outros. Velhos nomes reapareceram eleitos, outras figuras carimbadas perderam e nomes novos surgiram para o cenário político. O facebook e as outras redes sociais foram fundamentais para a difusão de informações, até mesmo dos materiais de campanha, mas também foram palco de mentiras e maldades. A diferença é que pelo menos na internet não é preciso agredir tanto a vida das pessoas. Quem não quer saber de política tinha a opção de desligar o computador, já quem se perturba com a rua suja foi obrigado a ficar em casa para não se irritar.

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