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quinta-feira, outubro 10, 2024

Abadia Rosa Miranda – De comerciante bem sucedida ao voluntariado na Casa Esperança

Abadia Rosa Miranda é natural de Jandaia no Estado de Goiás, seus pais Eleutério de Miranda e Maria Rosa da Silva tinham fazenda naquela cidade, e muito colaboraram com o desenvolvimento daquela região. Abadia e seus 9 irmãos passaram uma infância muito feliz e abastada. Na idade adulta passou a ter uma trajetória de vida pautada no desprendimento e solidariedade, que vale a pena conhecermos. Abadia é casada com Célio Silva Vieira, com quem tem dois filhos Danilo Miranda e Kleber Miranda. O casal trabalhou no comércio da cidade por alguns anos, foram proprietários de uma loja de tecidos na Av. Marechal Rondon.

JORNAL FOLH A REGIONAL; O que mais lhe chamou a atenção nos tempos de infância, e durante o período da adolescência?

Abadia; Naqueles tempos havia muito respeito entre as pessoas, respeito dos alunos para com os professores, e havia muitos gestos de solidariedade na escola. A impressão que tínhamos, e que até hoje não esquecemos é que todos amavam estar na escola em franca aprendizagem.

JFR; Em que ano foi fundada a Casa Esperança, e como surgiu a ideia de fundá-la?

Abadia; A Casa Esperança foi funda no ano de 1999 nos fundos da Elétrica Serpal, eu sempre fui muito observadora no lado humano e social, na década de 90 havia uma grande concentração de pessoas que vinham praticamente de várias regiões do país. Eu era comerciante tinha uma loja no centro da cidade. Foi num dos momentos mais difíceis da minha vida, as pessoas que “moravam” nas ruas apareciam mortas, por doenças ou por drogas, e aqueles moradores não tinham proteção nenhuma, e passavam muito fome. Diante daquela mortandade fiz uma reflexão sobre o assunto e decidi que eu tinha que fazer algo para mudar. Começava ali naquele momento a ideia de uma casa para abrigá-los, tratar essas pessoas com dignidade e dar a elas toda a proteção possível.

JFR; De que forma é mantida nos dias de hoje a Casa Esperança?

Abadia; A Casa Esperança é mantida por pessoas voluntárias, abnegadas da sociedade rondonopolitana, e muitos especialistas nos ajudam nesse trabalho temos uma equipe multidisciplinar; médicos de várias áreas psiquiatras, psicólogos, dentistas, enfermeiros, médico homeopata, dermatologista, psicopedagogo, assistente social, educador físico e terapeuta ocupacional. As pessoas também ajudam com doação de alimentos e roupas como disse, a sociedade rondonopolitana é muito receptiva ao chamado voluntário.

JFR; Como fica a questão financeira para cobrir os encargos da instituição, como pagar água, luz telefone, gás e toda a subsistência, a senhora faz campanha para arrecadar recursos?

Abadia; O recurso maior vem da prefeitura, o governo federal nos repassa um recurso bem menor, nós não fazemos campanhas para arrecadação de dinheiro. A Casa é suprida harmoniosamente com a ajuda de todos os colaboradores.

JFR; O lazer também está presente para os residentes da Casa Esperança?

Abadia; Temos a nossa sala com TV, sala de jogos, academia e o EJA Escola de Jovens e Adultos, procuramos dar a maior complementação possível para ajudar os nossos residentes.

JFR; De que forma é feita a inserção da pessoa na Casa, como é feita essa triagem e a partir de quantos anos de idade as pessoas são admitidas?

Abadia; A nossa triagem começa pela assistente social, e consequentemente vai passando pelos nossos profissionais voluntários, nós trabalhamos com pessoas na faixa etária de 19 a 58 anos atendemos somente ao público masculino. Depois dessas avaliações começa o trabalho de conscientização do próprio indivíduo diante daquela condição em que ele se encontrava. A entrada na Casa Esperança não é imposta, muitas famílias querem encaminhar alguém que está necessitando, mas se a própria pessoa não deseja ser internada, vai se tornar muito mais difícil a recuperação dela. A internação tem que ser voluntária.

JFR; A senhora disse que as pessoas abrigadas na Casa Esperança são de várias partes do Brasil, e quais são os principais problemas da insistente permanência delas nas ruas, a maioria se mantendo na dependência do uso do álcool, e de outras drogas?

Abadia; São pessoas que por diversos motivos saíram de suas casas, algumas por não conseguirem administrar as divergências em família. Podemos dizer que a família é o grande esteio da sociedade, e muitos infelizmente não se acertam como indivíduos entrando em desarmonia, acabam se distanciando e não mais dando notícias. Aí começam os vícios que trazem grandes problemas com a dependência, problemas sociais, de saúde e enfrentam desta forma todo o preconceito da sociedade. Essas pessoas precisam ser tratadas diante do tripé “Corpo, Mente e Espírito” porque se não for assim certamente terão grandes recaídas. A Casa Esperança atua nessas três etapas, e posteriormente procura encaminhar o cidadão pronto para o trabalho.

JFR; Para encerrarmos esta entrevista, gostaríamos que a senhora nos falasse sobre o andamento da UNIPRON “Unidade Pró Menor” que fica na MT 270 km 20, e quantas pessoas estão hoje internadas na Casa e na UNIPRON?

Abadia; Muito bem, a UNIPRON foi fundada pelo Lions Clube e está cedida para nós, lá é realizado o mesmo trabalho funcional que é feito aqui na Casa, ou seja nós consideramos a UNIPRON como a nossa unidade Casa 02. Lá estão abrigadas 38 pessoas, e posso dizer que nas duas unidades temos 64 pessoas internadas. Eu gostaria de falar do nosso Simpósio anual, em que trazemos também especialistas de fora do Estado, voluntários que vem dar suas palestras para nos ajudar. No ano passado tivemos a presença dos organizadores do projeto Braços Abertos, que vieram de São Paulo e aqui realizaram um trabalho brilhante, foi uma grande colaboração para todos nós. Muito grato por este espaço, que dá mais visibilidade a Casa Esperança que sobrevive com o apoio dos abnegados voluntários desta querida cidade. O telefone para quem quiser mais informações e esteja disposto em colaborar conosco é (66) 3421 39 31 a Casa Esperança está localizada na Rua XV de Novembro 350 em frente ao CISC.

Por Denis Mares

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