Para a imensa maioria da população brasileira é difícil entender como a riqueza gerada no campo chega até a cidade. Afinal, associar as grandes lavouras e fazendas à distribuição de renda e riqueza ainda é uma relação econômica complexa. E mais, muitos esquecem de contabilizar a importância da agricultura familiar, visto que grande parte das propriedades brasileiras é de pequeno porte.
Na última semana, o Institute of International Finance (IIF), que reúne 450 bancos e fundos de investimentos de 70 países, publicou um relatório apontando a tendência de valorização da moeda brasileira após período de baixa sustentada pela crise provocada pela pandemia e por questões fiscais.
De acordo com o relatório, as contas externas podem ser as melhores desde 2003 com base na valorização das commodities comercializadas pelo país. Para se ter uma ideia, as exportações do agronegócio, até maio deste ano, já atingiram US$ 50 bilhões, alta de 21% com relação ao mesmo período do ano passado.
Este bom desempenho tem como justificativa a demanda mundial aquecida e a valorização das commodities. Outro resultado disso é o PIB brasileiro, enquanto indústria, comércio e serviços tiveram queda, a agropecuária foi o único setor a registrar alta em 2020.
Não se trata de desconsiderar a crise econômica enfrentada ou a pobreza que acomete parte da população, até porque não existe equilíbrio enquanto houver pessoas passando fome. Mas temos que dar a Pedro o que é de Pedro. A influência do agronegócio na economia brasileira tem sido de suma importância para garantir investimentos, tanto do setor público quanto do privado.
Ao injetar recursos na construção de rodovias ou quando uma fábrica de insumos se instala no país, o impacto vai além do capital aplicado, está na geração de empregos diretos e indiretos, na maior circulação de dinheiro e consequentemente no aumento do poder aquisitivo da população de toda a região, refletindo diretamente nos setores finalísticos, como comércio e serviço.
Aliás, o mercado de trabalho também ilustra bem a importância do agronegócio na economia. De acordo com Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), Cepea, atualmente há mais pessoas trabalhando para o agro nas cidades do que no campo. Isso acontece porque houve diversificação e verticalização da produção e mais pessoas passaram a trabalhar diretamente no setor, na indústria, no comércio e em serviços, o que somou, em 2020, mais de 9 milhões de postos de trabalho.
Literalmente o agro está salvando a lavoura do Brasil, gerando renda para o produtor, trabalho e qualidade de vida para população e receita para o país.