O incêndio e o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro da maior capital do país, expôs o Brasil a um problema recorrente nas grandes cidades e que em breve pode atingir cidades médias, que não tenham uma política eficiente de moradia social.
A questão das crises financeiras que atingiram o Brasil nos últimos anos, fez com que empresas endividadas praticamente abandonassem imóveis (geralmente desvalorizados em regiões centrais degradadas) e os entregassem para credores, que mesmo com um grande imóvel nas mãos não consegue dar utilidade ao mesmo, fazendo com que toda a estrutura fique sem uso, e no caso o local passa a ser ocupado por movimentos sociais, que sem solução a curto prazo para moradia, acabam vivendo nestes locais em péssimas condições. Outro problema é que muitas empresas acabam fugindo do centro das grandes cidades em razão da degradação do local e procura outras áreas deixando os imóveis do centro vazios e susceptíveis à invasões, pois são de difícil comercialização.
O caso do edifício que desabou é bem esse retrato, a obra construída na década de 60, para atender a demanda de uma empresa, acabou sendo entregue ao governo federal para o abatimento de dívidas para a União, que chegou a ocupar o prédio com o INSS e Polícia Federal, mas acabou deixando o local que ficou vazio e aberto para uma ocupação.
Hoje empresas fazem investimentos em imóveis para melhorar a sua estrutura e obviamente buscar mais clientes, no entanto, com um mercado insolvente acabam se perdendo e abrindo mão do imóvel e do outro lado está uma parcela considerável de trabalhadores sem moradia e que não aguentam esperar na fila do governo para a casa própria, restando apenas como alternativa de vida, participar de grupos de ocupação nas grandes cidades, geralmente nas áreas centrais, onde há mais espaços sem ocupação devido a degradação destas áreas.
Esse fenômeno é semelhante ao que ocorria em Rondonópolis há décadas passadas, empresários compravam grandes áreas dentro do perímetro urbano da cidade e não as utilizavam abrindo espaço para ocupações e invasões. O problema diminui após junto com o Governo Federal a Prefeitura adotar uma política forte de garantia de moradia popular. Mas é bom deixar claro que o problema é São Paulo é bem mais grave, pois lá a necessidade de moradia popular é muito maior do que em Rondonópolis.
Talvez, tenha faltado aos governantes paulistas, uma política mais eficiente de inclusão social no quesito habitação aliado a um trabalho de melhoria de condições das áreas centrais da capital paulista, dando mais condições de conforto para quem tem imóvel nestas áreas e com isso haveria uma maior valorização e um risco menor de abandono por parte dos proprietários.
Mas é importante dizer que o que ocorreu em São Paulo sirva de alerta para demais cidades do país e que haja por parte dos governantes uma politica mais eficiente de moradia popular, dando ainda mais condições para que o déficit habitacional finalmente não entre mais na pauta do nosso país.