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sábado, novembro 23, 2024

A pseudo-segurança

“Casas encarecem o preço de locação e venda ao passo que têm estruturas para dificultar a vida de bandidos e na mesma ideologia bairros que são conhecidos por serem tranquilos acabam desfalcando o bolso do comprador, assim como seria também um assalto, já que ao adquirir o imóvel se paga e muito bem pela pseudo-segurança”
Se o setor imobiliário brasileiro continua aquecido nas principais cidades brasileiras, sobretudo em municípios com o potencial econômico e empregatício de Rondonópolis, a violência está criando o terrível papel de desvalorizar ou valorizar imóveis pela rotulação constante de ser incidente ou não em determinada localidade. Casas encarecem o preço de locação e venda ao passo que têm estruturas para dificultar a vida de bandidos e na mesma ideologia bairros que são conhecidos por serem tranquilos e acabam desfalcando o bolso do comprador assim como seria também um assalto, já que ao comprar o imóvel se paga e muito bem pela pseudo-segurança.
Certamente que em outros país mais desenvolvidos a segurança não é fator que entra em discussão para valorização ou não do imóvel, mas em se tratando da especulação brasileira a picaretagem não deixaria passar em branco este argumentar para enfiar a faca e sangrar o suado dinheiro do trabalhador. Com a exceção dos condomínios de luxo e hotéis com sistema de segurança bem instalados, qualquer rua em qualquer cidade do Brasil não deveria ser considerada mais segura que a outra. Ora bolas, no Rio de Janeiro no ano de 2005 bandidos entraram na casa do mais famoso casal do jornalismo brasileiro, Fátima Bernandes e Willian Bonner. Moradores do bairro nobre da Barra da Tijuca, um dos mais valorizados da capital carioca, alguém duvida que eles não contavam com todos os requisitos de segurança possíveis.
E Sílvio Santos? Um dos mais queridos homens de televisão do Brasil passou por dias terríveis no final do mês de agosto de 2001. Sua filha, Patrícia, foi seqüestrada no dia 21 e depois de dias de negociação acabou sendo libertada. Não contente, o criminoso envolvido invadiria a casa do homem do Baú nove dias após o seqüestro e faria de refém o próprio Sílvio Santos dentro de sua própria casa, no Jardim Morumbi em São Paulo. Em 2010 novamente bandidos entram e fazem de refém a filha e o genro de Silvio e roubam pertences da família, desta vez com Sílvio nos Estados Unidos da América. Ou seja, qualquer espertalhão que venda uma casa R$ 50 mil mais cara pelo fato dela estar em um local seguro está vendendo ilusão. E a tal sensação de insegurança vi embora na primeira cueca roubada.
No bairro Santa Cruz em Rondonópolis, recentemente, duas senhoras se dirigiam para a igreja 7 da manhã de um domingo quando dois homens, cada um em sua respectiva bicicleta, forçaram as duas a darem tudo o que tivesse em suas bolsas, usando para amedrontá-las uma faca. Um prédio na Vila Aurora, com câmera de segurança, cerca elétrica e tudo mais é roubado e nem rastro deixa o meliante ou meliantes. A constatação é simples: só resta ao brasileiro se preparar psicologicamente para que em um momento de adrenalina em meio a um assalto não cometer o desregramento emocional de reagir e por em risco sua vida e de sua família.
Como se não bastasse a especulação imobiliária, a insegurança no Brasil é motivo para muito mais gente ganhar dinheiro e não cita-se aqui as empresas que fazem videomonitoramento, cercamento elétrico ou afins. O comércio de blindagem dos carros cresce assustadoramente nas grandes capitais e o seguro contra roubos de carros populares está um absurdo. O trabalhador, que na maioria das vezes paga seu carro financiado, acaba prejudicado financeiramente no Brasil pela violência mesmo que ele tenha a sorte rara de nunca ser assaltado na vida.
A saída para ter a tão propagada sensação de segurança parece que resume-se ao controle psicológico e a prática da fé em Deus. No caso da última, porém, há de se ter cuidado ao ir a igreja, ou pode acontecer facilmente o mesmo que ocorreu com as senhoras do bairro Santa Cruz.
Da Redação

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