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domingo, novembro 24, 2024

A Mulher na História Política

Em recente pronunciamento a Sra. Ministra Dilma Rouseff declarou que “o país está pronto para ser governado por uma mulher”. Ora, se atentarmos bem às palavras da Sra. Ministra, elas são, no mínimo, preconceituosas, para não dizer ofensivas à mulher brasileira. Foi necessário, pelas palavras da Ministra, o país alcançar maturidade política, estabilidade econômica, para que uma mulher possa reger os seus destinos.
Quando A Senadora Roseana Sarney postulava a sua candidatura à presidência da república, não estaria ela preparada para o cargo? Teria sido sob esse argumento que os partidos que apoiavam a candidatura Lula se posicionaram contra a candidatura da Senadora e urdiram, em surdina, todo o esquema (até hoje não suficientemente esclarecido) que a afastou de sua caminhada política rumo ao Planalto? Ou terá sido porque ela realmente estava à altura do cargo, com as pesquisas a seu favor e os políticos, pelo seu espírito machista, não estavam dispostos a se sujeitar ao mando de uma mulher?
A mulher ao longo da História sempre esteve presente, exercendo um papel político de destaque, sem nada dever ao homem.
Se mergulharmos no tempo, reportando-nos ao Egito Antigo vamos encontrar no sec. XIII a.C. a figura de Nefrite, cujo nome significa “a mais bela de todas” e que teve relevante papel político na XVIII dinastia egípcia, esposa que era do faraó Amenhotep IV. Segundo alguns egiptólogos ocupou o trono durante dois anos. Anda na história egípcia relatam os historiadores a presença de Cleópatra. Ela assumiu o trono aos 17 anos, em uma época conturbada, após a morte do seu pai Ptolomeu XII no ano 47 a.C. Amante que foi de dos imperadores romanos Julio Cesar e Marco Antônio, marcou sua presença também na política do poderoso Império Romano.
Deixando a Idade Antiga e passando pela Idade Média, encontramos a figura de Isabela I de Castela que ocupou o trono do reinado de Castela e Aragão, na península ibérica, no final do sec. XV e início do século seguinte. Passou à história com a alcunha de Isabela a Católica. Foi a patrocinadora da expedição de Colombo que resultou na Descoberta das Américas Tendo demonstrado profundo interesse com o bem estar dos nativos aqui encontrados pelo descobridor, por determinação testamentária que nem sempre foi respeitada pelos colonizadores pós-descobrimento.
No sec. XVI Catarina de Médici, que, com a ascensão ao trono francês de Carlos XI, ainda menor, ocupou o trono francês, na condição de regente entre 1560 e 1.574. Sua regência foi conturbada pelos conflitos religiosos entre católicos e protestantes, confrontos esses que tiveram um período de calmaria com a liberdade de culto decretada pela rainha. Sua marca na dinastia francesa está presente ainda aos nossos dias com os palácios do Louvre e das Tulherias, em Paris.
Ainda no sec. XVI há que se citar Elizabeth I, rainha da Inglaterra. Ocupou o trono inglês na condição de rainha da Inglaterra e Escócia entre 1558 e 1603. Em seu reinado a Inglaterra passou por profundas transformações em sua estrutura tanto política e econômica quanto comercial e cultural, tornando-se, à época, a maior potencia do continente europeu.
No século XVIII Catarina II, a Grande, aclamada czarina após o assassinato de seu marido Pedro III, assumiu o poder em 1762 na Russia.. Seu reinado foi marcado por importantes reformas na administração, e estímulo à agricultura e ao comércio.
Não há dúvidas de que inúmeras outras mulheres se destacaram ao longo dos tempos na história política.
No panorama mundial destacam-se, já no sec. XX: a rainha Elizabeth II, no trono inglês desde 1953, regendo com mão firma os destinos do seu pais, no que foi secundada por Margareth Thatcher – “ a “Dama de ferro” – que por 11 anos (1979-1990), na verdade, regou os destinos do trono britânico no conturbado período da “Guerra Fria” na condição de Primeira Ministra
Não podem ser esquecidos os nomes de Golda Meyr, primeira ministra em Israel e de Indhira Ghandi, primeira ministra na Índia, ambas com papel político de destaque no panorama mundial.Merece lembrança Violeta Chamorro, com importante papel pacificador na política nicaragüense. Aos dias atuais, na política norte americana, destacam-se os nomes de Hylary Clinton e Condoleeza Rice, a primeira negra a integrar um governo norteamericano.
Entrando em nossa história pátria merece destaque a figura da Izabel Cristina Leopoldina de Bragança, sem dúvida a brasileira mais ilustre do regime imperial brasileiro. Filha de D. Pedro II, nascida no Rio de Janeiro, em tres ocasiões foi regente do império, por viagens de imperador.
A sua grande marca na história brasileira, nem é necessário citar, está na vitória sobre o poder das oligarquias com a promulgação, em 1871, da Lei do Ventre Livre e em 1888 da Lei Áurea.
Ainda no sec.XIX a Catarinense Anita Garibaldi (1821- 1849) passou à História como heroína da Revolução Farroupilha, ao lado de Giuseppe Garibaldi – “Il condotiere” , com quem casou em 1842. Em 1847 viajou para a Itália, unindo-se ao marido, com quem pegou em armas, integrada ao movimento revolucionário que lutava pela unificação da Itália. Durante os combates em Roma, faleceu de febre tifóide, aos 28 anos de idade. Em Roma, no Monte Gianicolo, há um monumento eqüestre em sua memória como “l”heroina Del Rissorgimento”
Na primeira metade do século passado, a mulher brasileira foi relegada a um papel essencialmente doméstico. O papel da mulher era ser dona-de-casa, era ser mãe, sempre subalterna ao marido. “A mulher brasileira era a boa cozinheira e a boa parideira”, cantada em versos pela poetisa goiana Cora Coralina.
A partir da “Semana de Arte Moderna” de 1922 o papel político da mulher foi tomando corpo através da manifestação artística de Tharcília do Amaral e de Anita Malfati, continuando nos anos 30 com Patrícia Galvão (a popular “Pagú”), a primeira grande líder feminista que assinalou o ponto de parida para a conquista pela mulher do seu espaço no cenário nacional.
Criou-se, a essa época um chavão chauvinista de que “política é coisa para homem” e assim o espaço político foi sendo negado à mulher. Esse preconceito contra a mulher na política ainda é predominante aos nossos em cerca de 31% do eleitorado,segundo pesquisas recentes do Instituto Ipsos , em contrapartida a um eleitorado feminino da ordem de 55%.
Não pode sés esquecido o engajamento político da mulher na campanha das “diretas já”
Não poderíamos deixar de citar, sem fazer injustiça a tantos outros nomes, a ministra Zélia Cardoso de Mello, no Governo Collor. Com seu ousado plano econômico deu ao Presidente, na sua expressão, “a única bala que estava na agulha para abater a inflação”, então o terror da economia nacional. em que pesem opiniões em contrário, o “tiro” foi certeiro não a abatendo, mas ferindo-a de morte , para tombar em definitivo no mandato do Pres. Itamar (concluindo o mandato de Collor).
Não se pode esquecer a participação da mulher rondonopolitana na política, já na terceira legislatura municipal (1963-1967), quando tomaram assento como vereadoras Elza de Oliveira e Arolda Dueti Silva. No período legislativo de 1983/88 tomaram assento na Câmara Municipal Amélia Augusta Stefanini e Maria Niuza de Lima Faria Na nona legislatura (1989/92) elegeu-se vereador Marlene Silva de Oliveira Santos que presidiu a Câmara de 1989 a 1990. Luciene Soares de Lima ocupou seu espaço na décima primeira legislatura. Na gestão legislativa de 2001 a 2004 marcou presença a vereadora Vilma Moreira (atualmente exercendo o mandato de Deputada Estadual). A vereadora Mariuva Valentin Chaves se elegeu para a legislatura passada e para a atual
A mulher brasileira do sec. XXI, certamente, pode se orgulhar de ter conquistado o seu espaço, também no contexto histórico da política, fruto de lutas constantes que prosseguem ainda aos nossos dias, inserindo-a cada vez mais no meio social.
Não propriamente o país, mas a mulher brasileira nunca este tão bem preparada para assumir o timão de comando da nação, seja ela Dilma, Roseana, Heloisa Helena, ou muitos outros nomes mais.

J.V.Rodrigues

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