Há duas semanas se completou o processo eleitoral com o 2ª turno. Dos 5.565 municípios, efetivamente o PT não logrou os pretendidos 80% do ex-residente Lula, mas a base do governo atingiu esse percentual. E não poderia ser diferente de vez que a oposição é, efetivamente, composta por apenas 4 partidos. Mas mesmo assim o PSDB foi o segundo colocado com 702 prefeituras, atrás do PMDB que como o maior partido nacional não poderia deixar de ocupar o primeiro lugar com 1023 prefeitos eleitos. O PT em 3º lugar com 635 só é o detentor do mair número de habitantes e do maior orçamento municipal, face à vitória paulista, como já comentamos em editorial anterior.
A grande lição desas eleições está não na vitória do partido governista, mas da presidente Dilma que não governa pela cartilha do PT, se não que pela sua própria. Efetivamente, no primeiro mês de governo da presidente o ex-presidente Lula demonstrou pretensões de continuar exercendo influência em sua sucessora, haja vista que conduziu uma “reunião ministerial” em Brasília.
Para garantir sua força e influência nas decisões palacianas deixou nada menos do que 9 dos seus ministros no exercício do cargo. Ao contrário de seu antecessor, porém, a presidente, à menor suspeita de mau uso do dinheiro público afastou nada menos do que seis desses ministros, fazendo o que à época a imprensa denominou de “faxina de uma herança maldita”. Apenas o min. Jobim foi afastado por divergências políticas. Da herança Lula restaram apenas o min. Alexandre Padilha (saúde) e Gilberto Carvalho (Secretário Geral da Presidência).
Mas a grande lição que ficou do eleitorado foi a RENOVAÇÃO. A começar pelo PT que já desde há algum tempo não mais conta em seus quadros com petista históricos, petistas de primeira hora como Hélio Bicudo e Plínio de Arruda Sampaio. Os petistas fisiológicos mais alinhados às esquerdas reacionárias e de ranço ditatorial, tais como Dirceu, Genoíno, Delúbio, Cunha e que davam as cartas no partido, com as condenações pelo Supremo no caso mensalão, já caíram em desgraça e são “cartas fora do baralho” nas decisões petistas. A candidatura e vitória de Haddad é a bandeira da renovação política petista que já vem realizando reuniões de cúpula para traçar novas diretrizes partidárias, dentro e um contexto democrático mais alinhado como centro
Pela oposição, a derrota esperada e anunciada de Serra acendeu o farol amarelo do PSDB e faz despontar, com maior vigor a figura de Aécio Neves que conta com o apoio da cúpula do partido que tem em seus quadros a presença de FHC, figura respeitada nos meio políticos nacionais e internacionais, cuja liderança é reconhecida até mesmo pela presidente Dilma, bem coo de Sérgio Guerra, cuja influência partidária e indiscutível
Desponta ainda na renovação política o PSB de Eduardo Campos que não se alinhou com o PT derrotando o candidato petista – uma das “meninas dos olhos” do presidente Lula- , totalizando 442 prefeituras, entre elas não só a de Recife, bem como a de Fortaleza, importantes esteios eleitorais do Nordeste. Correndo por fora, Gilberto Kassab com o seu PSD, sigla nova e independente, surpreendeu os analistas políticos conquistando 407 prefeituras.
Analisando-se a eleição de vereadores, tal como aconteceu com os prefeitos, o resultado das urnas também mostra renovação. Antigos “caciques” detentores de cadeiras cativas nas câmaras caíram e surgiram em seus lugares nomes novos, até desconhecidos da política.
O eleitor deu mostras de consciência democrática e não mais se deixou levar por promessas falazes, sem compromissos, de um “falar bonito que é só bonito”
J. V. Rodrigues
“Renovação é a nova palavra de ordem na política brasileira após as eleições municipais”