A cada dia o noticiário nos descortina um horizonte sombrio em decorrência da crise econômico=financeira que pesa sobre o mundo.
Não obstante todo o otimismo que nossas autoridades do meio financeiro procurem transmitir à população, não obstante a recomendação do Presidente Lula de que em tempo de crise “é preciso consumir” e, portanto, gastar para garantir o ganho de capital , garantir a produção, garantir o emprego, há que se convir que não é bem esse o caminho.
Os dados estatísticos estão a revelar que os índices de crescimento da economia estão em queda, estão evidenciando que a curva do emprego, até pouco tempo ascendente, já apresenta declínio
Aqui em nosso estado os reflexos da crise também já se fazem sentir. O agronegócio, principalmente para exportação e que é a coluna mestra da nossa economia, tem previsões nada otimistas com a queda dos preços das commodities que regulam os preços de mercado, no caso dos nossos produtos.
Um dos primeiro termômetros da preocupação do empresário com qualquer distorção da situação econômico-financeira se reflete nos investimentos em publicidade. E esse termômetro em nosso mercado apresenta índice de queda.
Enquanto o empresário se preocupa com a situação atual do país diante das evidências de que a crise mundial já chegou até nós e não era “apenas uma marolinha” como afirmou o Presidente Lula; do outro lado, a cada dia, o noticiário está a evidenciar uma verdadeira farra da gastança do dinheiro público.
Por exemplo, o noticiário de hoje(18/03) registra que as despesas com passagens aéreas pagas pelo Senado Federal de janeiro até à ultima semana soma a bagatela de R$6.200, mil. Se raciocinarmos que o gasto com passagens destina-se a cobrir as viagens dos senhores Senadores e deles somente, e se considerarmos que uma passagem aérea de ida e volta Brasília a Porto Alegre, por exemplo, um dos trajetos mais longos, custa em torno de R$850,00 tomemos esse valor como preço médio.
Ora, os senhores Senadores viajam a seus estados de origem a cada fim de semana. De janeiro até à ultima semana, foram exatos doze fins de semana. Os senhores Senadores são em número de 81. Considerando que todos viajem a cada fim de semana, as passagens emitidas no período somam 1944. Se o preço médio da passagem fosse R$850,00 teríamos um total de R$1.652.400,00. Para R$6.200.000,00 há uma considerável diferença da ordem de R$4.547.600,00 que, ao que parece escapou pelo ralo… e que estaria a requerer uma explicação…
Outro escândalo na mais alta casa legislativa do país que ocupou as manchetes foram as “horas extras” pagas em janeiro aos servidores do Senado e que até hoje não foram suficientemente esclarecidas. Está nas manchetes também o uso indevido dos apartamentos funcionais do Senado, destinados aos senhores Senadores e ocupados por funcionários do Senado e por seus familiares. Sem falar dos “míseros” R$16.500,00 pago a título de ajuda de custo por um único dia e trabalho a alguns senhores Deputados Federais que reassumiram os seu mandatos em janeiro.
Por essas e outras é que o Senador Sarney, presidente do Senado, demitiu todo o quadro de, pasmem os senhores leitores, 163 diretores. Repetimos: 163 diretores, ou seja, proporcionalmente, dois diretores para cada Senador.
Mas, de onde vem o dinheiro para toda essa desenfreada gastança com o dinheiro público que se estende desde o Senado Federal, às Câmaras Municipais, passando por ministérios, autarquias e repartições públicas em geral? Nem é necessário dizer que somos nós contribuintes os mantenedores da máquina pública. Não são poucos aqueles que a duras penas, com o suor de seus rostos, com suas mãos calejadas, constroem a grandeza do país e nem sempre têm a merecida retribuição. Não raro o seu minguado salário mal dá para o sustento familiar e mesmo assim dão a sua contribuição com os tributos que lhe são exigidos pelo poder público.
Mas resta-nos a esperança que a moralidade pública ainda venha a imperar em nosso país. Desde já vamos pensar no próximo ano em que mais uma vez seremos chamados ás urnas para renovar os condutores da maquina política. Estejamos atentos ao escolhermos os nossos candidatos. Estejamos atentos aos princípios éticos e morais que devem reger a política.
Há que se reconhecer que o Brasil, no ranking de país emergente, está, ainda em uma situação confortável em relação aos demais, não obstante a crise mundial. E isso mercê de uma política econômica bem conduzida, já desde o governo passado e que se consolidou no atual.
Entretanto, a moralidade pública muito tem ainda que evoluir, para que se alije de uma vez por todas da política brasileira a pecha da corrupção.
J.V.Rodrigues