A crise do trabalho

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Entre o pós segunda grande guerra mundial e o início do século XXI o mundo vem conhecendo a crise do trabalho e, principalmente, do emprego em praticamente todos os países. E dentre todas as catástrofes possíveis esta pode ser a mais difícil de ser solucionada.
A eficiência do modelo de trabalho que conhecemos começou a perder força a partir dos anos 70 do século passado, muito fruto da queda das taxas de lucro das empresas e o aumento do déficit público em muito países.
Nos anos 80 e 90 do mesmo século ganhou força o modelo econômico neoliberal, que tem como fundamento a não intervenção estatal na economia e o aumento da produtividade empresarial através da otimização da força de trabalho e da tecnologia.
Agora nos primeiros anos deste novo milênio a briga é entre o Estado participativo, gerador de prosperidade ou o Estado como mero observador da economia, onde os espaços administrativos são cedidos para a iniciativa privada. Ou seja, o Estado Mínimo versus as políticas de assistência social ou intervencionista.
O modelo de desenvolvimento industrial iniciado deste então e as novas formas de organização das empresas geram controvérsia e vem causando um aumento nos níveis de desemprego. E a diminuição da jornada de trabalho como soliução (atualmente varia entre 40 e 48 horas semanais), com tendência de cair ainda mais, aumenta o custo de produção e as empresas apelam para a tecnologia como substituta irreversível da mão de obra. Não soluciona.
Em outros casos países vêm compensando a perda de postos de trabalho na indústria com a transferência das atividades para o setor terciário, mas na maioria destes mesmos países o processo não vem dando conta de diminuir o desemprego.
Partindo deste princípio, o dia primeiro de maio deveria ser um momento de reflexão e de alerta para podermos tentar entender o futuro dos povos em um mundo que a cada dia que passa assistimos a extinção de atividades até então importantes e o surgimento cada vez mais tímido de novos afazeres. Até por isso deverá ser um dia de protesto justamente nos países mais desenvolvidos.
O mundo por si só já vive muitas crises, mas nenhuma delas é tão preocupante como a crise do trabalho, cujos postos exigem a cada dia mais inteligência e menos pessoas para execução. O reflexo deste contexto já é percebido, o que indica que seu agravamento poderá acentuar de forma violenta nas próximas duas ou três décadas. Então o que faremos com as próximas gerações que poderão se constituir em eternos desempregados?
Viva primeiro de maio! Viva o trabalhador! Mas, em meio as comemorações, um pouco de reflexão é bom também.

JOÃO EDISOM DE SOUZA
é articulista político