A ciência nacional e o coronavírus

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O Covid-19 (coronavírus) tem provocado inúmeras mudanças na vida dos brasileiros. Mas o problema está apenas começando. A pandemia tem se espalhado pelo mundo e só será controlada de forma definitiva após a descoberta de uma vacina, seguido pela produção em larga escala e imunização da população. Esse processo começa com um trabalho intenso de cientistas. Neste texto, serão apresentados alguns aspectos sobre os desafios existentes na busca pela vacina.  

            As pandemias não são novidades na história da humanidade, no início do século XX, entre 1918 e 1920, estima-se que a gripe espanhola, provocada pelo vírus Influenza A do subtipo H1N1, tenha causado a morte de 50 a 100 milhões de pessoas. Para nossa sorte, nos últimos 100 anos, a ciência evoluiu muito e hoje temos condições de evitar tragédias similares, através do desenvolvimento de remédios e vacinas, porém para que isso ocorra são necessários investimentos e políticas adequadas.

            Os pesquisadores brasileiros já deram contribuições em relação ao entendimento do Covid-19 como, por exemplo, através do isolamento do vírus em laboratório feito no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Segundo uma reportagem da revista Exame, a amostra do vírus que tem sido utilizada para o controle positivo nas técnicas de diagnóstico por laboratórios. Caso fosse necessário a importação de amostras, cada uma delas poderiam custar entre 12 mil e 14 mil reais.

Além disso, logo no início da crise, pesquisadores do Brasil e da Universidade de Oxford, sequenciaram o genoma do vírus Covid-19. Entender o RNA de um vírus é um passo fundamental para desenvolvimento da vacina.

            Assim como as amostras, as vacinas também terão custos, por isso, é importante que sejam desenvolvidas pesquisas nacionais para que possamos produzir a vacina em larga escala e com baixo custo. Mas não só isso, também é necessário que de forma imediata, comece o desenvolvimento de pesquisas para produção de testes rápidos e em larga em escala, visando saber quem está infectado, para isolar esses indivíduos e impedir a proliferação da doença.

            O Brasil possui pesquisadores e centros de pesquisas que podem contribuir muito para o enfrentamento desta crise. O governo precisa tomar medidas urgentes visando dar condições necessárias para o desenvolvimento de pesquisas que possam solucionar alguns dos gargalos existentes. Além de recursos financeiros, a criação de um grupo de cooperação composto pelos principais centros de pesquisas pode ser uma medida importante neste momento.

É necessário investir na busca pela vacina e no desenvolvimento de técnicas e tecnologias para identificação e tratamento dos infectados. O assunto é sério e, caso o governo não invista na ciência nacional, teremos um custo muito alto para conseguir superar esse momento trágico. Será que pelo menos durante essa crise o governo irá valorizar a ciência nacional? Eu espero que sim, mas até agora não tenho visto nenhum esforço neste sentido.

 

Caiubi Kuhn

Professor da Faculdade de Engenharia UFMT-VG